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Goma, cansada da guerra, irrita-se com ocupação rebelde

Por RICHARD LOUGH
Atualização:

Horas antes de rebeldes capturarem a cidade de Goma, no leste do Congo, na terça-feira, mais de mil prisioneiros abriram um buraco no muro da prisão e fugiram. "Isso terá um grande impacto na segurança da cidade", disse um magistrado local que teve medo de dar o nome. A fuga em massa de presos destaca os desafios que o movimento rebelde M23 agora enfrenta para manter e administrar Goma e o território expandido que capturou em uma região muito disputada por seus depósitos minerais. Os insurgentes do M23 entraram nesta cidade negligenciada aos pés de um vulcão depois que forças do governo abandonaram suas posições. Tropas de paz da ONU disseram que não poderiam defender a cidade, argumentando que tinham um mandado limitado. Mas os rebeldes precisam de segurança e de uma administração funcional se querem ganhar apoio. Em um sinal de que os nervos ainda estão tensos, tiros no meio da tarde nesta semana fez com que os moradores corressem em busca de abrigo nas ruas enlameadas da cidade. "Normalmente, essa estrada é congestionada, não dá para se mover. Mas olhe para ela hoje", disse Georgette Bithondo, que vendia gasolina em garrafas plásticas. "Estamos sofrendo, estamos assustados". Atrás dela, carregadores sentavam-se ociosos em seus carrinhos de madeira. Bancos e várias lojas permaneceram fechados quatro dias depois da entrada dos rebeldes. Os preços dos alimentos estão subindo também. Uma medida de feijão, um alimento básico, agora custa 1.000 francos congoleses (US$ 1,07), dos 800 francos há uma semana, enquanto a farinha está mais da metade, a 500 francos uma medida nos mercados - tudo isso em um país onde 80 por cento da população vive com menos de um dólar por dia.

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