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Governismo marca mandatos de Jovair Arantes

Líder do PTB na Câmara, em 22 anos como deputado federal, está é a primeira vez que o parlamentar goiano decide se lançar como candidato para comandar a Casa

Por Isadora Peron
Atualização:

BRASÍLIA - Em 22 anos como deputado federal, esta é a primeira vez que o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), decidiu lançar o seu nome como candidato à presidência da Casa. Na reta final da disputa, ele chega como o principal adversário do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O deputado federalJovair Arantes (PTB-GO) Foto: André Dusek/Estadão

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O deputado traz no currículo a peculiaridade de nunca ter sido da oposição. Em 2003, quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência pela primeira vez, Jovair trocou o PSDB pelo PTB. No ano passado, depois de 12 anos ao lado dos governos do PT, foi relator do processo que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Político de perfil tradicional, Jovair fez uma campanha à moda antiga, distribuindo santinhos, espalhando banners pela Câmara e viajando o País – ele esteve nos 27 Estados – para tentar fechar alianças em torno do seu nome. Ao desembarcar em Manaus, porém, não foi recebido por nenhum deputado do Amazonas, apenas por dirigentes estaduais do PTB.

Representante do chamado Centrão, grupo informal que tem perdido força desde a queda do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Jovair focou a sua campanha nos deputados do chamado baixo clero e resistiu às investidas do Palácio do Planalto para que a base do governo tivesse apenas um candidato.

O deputado conta que avisou o presidente Michel Temer que iria se candidatar ao comando da Câmara já na primeira conversa que tiveram quando o peemedebista assumiu interinamente a Presidência da República, em maio do ano passado. Na ocasião, diz que foi sondado para assumir o Ministério do Trabalho, mas recusou a oferta para seguir seu plano no Legislativo. Em seu lugar, indicou o nome de Ronaldo Nogueira, que é da bancada gaúcha do PTB.

Durante a campanha, Jovair reclamou diversas vezes do tratamento recebido pelo Planalto, que não escondeu a sua preferência pela candidatura de Maia. Em janeiro, teve três encontros com Temer. No último deles, levou com ele 12 deputados e o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, delator do esquema do mensalão petista. O grupo tinha um recado para o peemedebista: a interferência do governo na disputa poderia rachar a base e dificultar a aprovação das reformas na Câmara.

Diante do favoritismo de Maia, Jovair aposta nas relações de amizade que estabeleceu na Câmara para conquistar votos e diz que terá apoio de deputados de todos os partidos, inclusive do PT. Também fez acenos aos colegas de que está disposto a protegê-los do avanço da Operação Lava Jato, apesar de não ser um dos investigados. Em conversas reservadas, deixou claro que não irá se intimidar se tiver que colocar em votação projetos que atendam aos interesses da classe política. 

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