Governo da Argentina ameaça retirar concessão da Vale

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A mineradora Vale tentará vender seus ativos no projeto Rio Colorado, na Argentina, após a paralisação do empreendimento, enquanto o governo argentino ameaçou nesta quarta-feira revogar a concessão da área. Uma fonte com conhecimento direto do assunto disse à Reuters que a empresa brasileira busca vender o ativo e recuperar os 2,2 bilhões de dólares investidos no empreendimento de potássio, suspenso no início desta semana. Procurada, a Vale disse mais cedo que não comentaria a informação sobre a venda. A Vale anunciou na segunda-feira a suspensão do projeto de potássio, na província de Mendoza, orçado em cerca de 6 bilhões de dólares. Cerca de 6 mil empregados serão demitidos. O anúncio desagradou as autoridades argentinas. Em um discurso nesta quarta-feira na Casa Rosada, sede do Executivo argentino, o ministro de Planejamento, Julio de Vido, disse que a Vale violou as leis do país e que a outorga de concessão pode ser retirada. "A empresa violou a segurança jurídica e as leis da Argentina e de Mendoza, em particular, que outorgou a permissão de concessão. E se não a explorarem, vão perdê-la", disse o ministro. No mesmo evento, o governador da província de Mendoza, Francisco Perez, disse que até esta quarta-feira a Vale não havia notificado o governo sobre futuro de Rio Colorado. Ele também citou a presidente do país, Cristina Kirchner, dizendo que o projeto será levado adiante "com ou sem a Vale". O governo argentino tem um histórico de expropriar empresas, alegando produção insuficiente. A nacionalização em 2012 de 51 por cento da YPF, parte detida pela petrolífera espanhola Repsol, foi o caso mais notório de como o Estado argentino pode jogar duro com empresas estrangeiras. Antes, o país já havia nacionalizado a linha aérea Aerolineas Argentinas e outras empresas de serviços públicos. PROJETO PARADO A segunda maior mineradora do mundo disse ter completado 45 por cento do projeto de Rio Colorado, que inclui, além da mina, 800 quilômetros de ferrovia e um terminal no porto de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires. Em dezembro, pouco antes de colocar os funcionários na Argentina em licença remunerada e suspender as obras, a Vale disse que estava buscando um parceiro para comprar parte do projeto e ajudar a suportar os custos, num momento em que a mineradora tenta concentrar investimentos no seu negócio principal, de minério de ferro. A busca por um comprador, no entanto, ocorre em um momento de fragilidade dos preços das commodities minerais, com as principais empresas do setor passando por aperto financeiro, registrando queda nos lucros e trocando executivos. Em nota na segunda-feira, a Vale disse que não abandonaria as jazidas de potássio na Argentina e continuaria zelando por seus direitos de exploração na região. Os ativos de potássio na Argentina foram comprados da Rio Tinto em 2009. (Reportagem de Sabrina Lorenzi; Reportagem adicional de Alejandro Lifschitz, em Buenos Aires)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.