Governo diz que quem foi às ruas não votou em Dilma, e promete medidas contra a corrupção

O governo da presidente Dilma Rousseff avaliou que as manifestações em diversas cidades do país neste domingo foram compostas por pessoas que não votaram em Dilma nas eleições do ano passado, mas reconheceu o caráter democrático do movimento e prometeu lançar medidas contra a corrupção e dialogar mais. Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, que se reuniram com a presidente para avaliar a situação, sustentaram após o encontro que Dilma governa para “todos os brasileiros” e que o governo está aberto para conversar. “As manifestações ocorridas hoje são manifestações onde majoritariamente participaram setores da sociedade críticos ao governo”, disse Rosseto a jornalistas, usando como argumento a forte polarização das eleições de 2014, vencidas por Dilma com 51,64 por cento dos votos válidos no segundo turno contra Aécio Neves (PSDB). “Seguramente, majoritariamente, eleitores que não votaram na presidente Dilma Rousseff”, acrescentou o ministro, que considerou os protestos legítimos, mas disse que “o golpismo, a intolerância” e o “impeachment infundado” são inaceitáveis. Os dois ministros foram convocados por Dilma a permanecer em Brasília neste domingo devido aos protestos, que reuniram mais de 1 milhão de pessoas, segundo a polícia, contra o governo e a corrupção. Ao citar as manifestações ocorridas na sexta-feira, a favor do governo, e as deste domingo, o ministro da Justiça identificou um ponto em comum entre os dois eventos: a revolta contra a corrupção. Segundo Cardozo, a presidente deve anunciar “nos próximos dias” medidas de combate à corrupção, promessa de campanha de Dilma e tema de seu discurso ao iniciar o segundo mandato. “Há um ponto de identidade, há justamente o desejo de todos os brasileiros de combate firme e rigoroso à corrupção e à impunidade”, afirmou. Cardozo disse ainda que as manifestações também apontam a necessidade de uma reforma política que tenha como ponto principal o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos. Durante a entrevista coletiva dos ministros, transmitida pela TV, puderam ser ouvidos gritos, buzinas e panelaços em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de janeiro, a exemplo do ocorrido no último domingo, quando a presidente fez um pronunciamento à nação.

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Por Redação
Atualização:

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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