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Governo do Pará promete reflorestar áreas desmatadas

Governadora compara a geração de empregos por madeireiras clandestinas ao narcotráfico

Por CARLOS MENDES
Atualização:

A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), disse que o governo do Estado perde, anualmente, R$ 2 bilhões com atividades ilegais, como o comércio clandestino de madeira. Isso representa quase um quarto do orçamento estadual para 2008, que é de R$ 9 bilhões. "Não vamos tolerar ilegalidades", disse, anunciando que o governo do Pará não se limitará apenas à repressão aos crimes ambientais. "Faremos reflorestamento e recomposição florestal nas áreas de onde a madeira foi retirada." A parceria entre os órgãos estaduais e federais no combate ao desmatamento e à extração ilegal de árvores representa, para Júlia, uma "convergência de objetivos", facilitando programas em favor das populações atingidas pelo impacto da devastação e ações em defesa da floresta. O fato de o governo estadual passar a ser fiel depositário da madeira ilegalmente explorada em Tailândia, disse, é novo na questão ambiental amazônica. Antes, os madeireiros autuados e multados por violações ambientais ficavam como fiéis depositários, desviando parte da madeira ou reutilizando-a nas serrarias. Ela adiantou que a administração estadual leiloará toda a madeira trazida de Tailândia para Belém, destinando metade do que for apurado no aparelhamento dos órgãos ambientais e a outra parte na criação de projetos sociais de qualificação profissional para geração de emprego e renda aos trabalhadores demitidos das madeireiras. Uma das alternativas é criar no Pará a figura do agente ambiental voluntário, que receberia um salário mínimo. "Todas as ações que estamos tomando representam um novo modelo de desenvolvimento no Pará, que tem como base o respeito ao meio ambiente e a mudança de atividade econômica", afirmou. Júlia disse que as atividades econômicas ilegais, como a extração de madeira em terra pública, serão combatidas com intensidade cada vez maior. Postura Sobre a postura do setor madeireiro, que acena com demissões em massa de trabalhadores caso a madeira levada para a capital paraense não seja devolvida às serrarias de Tailândia, a governadora do Pará disse: "O desmatamento gera emprego, sim, mas é ilegal, por isso está sendo combatido. É a mesma coisa que o tráfico de drogas." Os madeireiros que sempre atuaram na legalidade, segundo Júlia, nada têm a temer com a Operação Guardiães da Amazônia. Para os que vivem na ilegalidade - cerca de 70% somente em Tailândia, segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) -, mandou um recado: "Fechem as portas." O secretário de Estado do Meio Ambiente, Walmir Ortega, disse que o órgão se estrutura melhor para atender a demanda das empresas madeireiras que buscam a liberação dos planos de manejo. A secretaria ganhou o reforço de 50 técnicos para analisar os pedidos.

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