Governo iraquiano suspende toque de recolher em Bagdá

Decisão ocorre um dia após Moqtada al-Sadr ordenar retirada de milícias das ruas.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

O governo iraquiano suspendeu o toque de recolher em Bagdá, um dia depois que o clérigo xiita Moqtada al-Sadr ordenou que os membros da milícia fiel a ele, Exército Mehdi, deixassem as ruas de Basra e de outras cidades no Iraque, pondo fim a cinco dias de confrontos com tropas do governo. O fim do toque de recolher, imposto há três dias, ocorreu às 6h hora local (11h de Brasília), mas a circulação de veículos continuava proibida em três áreas xiitas da capital iraquiana. Os intensos combates entre os milicianos do Exército Mehdi e as forças de segurança iraquianas deixaram pelo menos 240 mortos no país desde a terça-feira passada. Uma fonte da polícia disse à BBC que, só em Bagdá, 117 pessoas teriam morrido nos últimos três dias. A declaração do clérigo no domingo indica que pode ter havido um acordo entre o movimento xiita e o governo do Iraque, que havia dado um prazo até 8 de abril para que os militantes depusessem armas em troca de dinheiro. Anistia No sábado, um assessor de Moqtada al-Sadr havia dito que as armas só seriam entregues a um governo iraquiano que desejasse acabar com a ocupação dos Estados Unidos. Mas, no domingo, Moqtada al-Sadr soltou uma nota dizendo que "por causa da responsabilidade religiosa e para interromper o banho de sangue iraquiano, nós pedimos um fim da presença armada em Basra e em todas as outras províncias". "Quem carregar uma arma ou tiver como alvo instituições do governo não será um de nós", disse ele. O clérigo xiita ainda pediu a aplicação de uma lei de anistia, a libertação de detidos e o fim do que ele chamou de "operações ilegais". Um porta-voz do primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, disse à televisão iraquiana que a declaração do clérigo é positiva. "Como governo do Iraque nós saudamos o comunicado. Acreditamos que isto apoiará os esforços do governo para impor a segurança." O porta-voz ainda advertiu que o governo será forçado a aplicar a lei contra quem desobedecer as instruções do governo e de Sadr. No entanto, uma fonte próxima a Sadr disse a repórteres que o apelo do clérigo não significava que os milicianos estariam depondo as armas. Para o correspondente da BBC em Bagdá Adam Brookes isso significa que o Exército Mehdi ficará intacto e que, apesar da retirada das milícias das ruas representar uma vitória para o premiê iraquiano, ela não trará uma solução para o conflito. O número de mortos desde que os confrontos começaram são contraditórios. Em Basra, militares britânicos dizem que 50 morreram, enquanto fontes médicas estimam que 290 pessoas já perderam a vida. Ainda segundo a polícia iraquiana, 77 pessoas teriam morrido nas cidades de Kut, Nasirya, Karbala e Hilla, no sul do país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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