Governo pretende licitar 8 hidrelétricas em 2009, diz Zimmerman

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Por RODRIGO VIGA GAIER
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O governo vai leiloar no ano que vem concessões para a construção de ao menos oito usinas hidrelétricas, incluindo a mega hídrica de Belo Monte, no Pará, afirmou o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, nesta quarta-feira. Segundo ele, serão licitadas as usinas de Barra do Pomba e Cambuci, no Rio de Janeiro, e cinco hídricas na Bacia do Parnaíba, além de Belo Monte, que tem capacidade prevista de 11.182 megawatts. "Essas cinco usinas devem ser inferiores a Baixo do Iguaçu, no Paraná, com 350 megas", disse Zimmermann a jornalistas no quinto Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico. "Faremos tudo para termos Teles Pires (MT) e Tapajós (PA) em 2010", acrescentou ele. Em 2008, o Governo licitou apenas duas hidroelétricas: Baixo do Iguaçu, no Paraná, e Jirau, no Rio Madeira. O secretário informou ainda que vai começar a conversar em meados desse mês com associações de geradores, distribuidores e transmissores de energia sobre a renovação da concessão de licenças que vencem a partir de 2015. Ele espera entregar uma proposta para o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) até o fim do ano. As duas opções do governo são: renovação automática ou novas licitações para as atuais concessões. "Para que haja renovação automática é preciso fazer um projeto de lei. Vamos mostrar ao CNPE, mas a decisão cabe cabe ao presidente Lula", ressaltou Zimmermann. USINAS A ÓLEO COMBUSTíVEL No evento, o diretor geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Jerson Kelman, criticou a predominância de usinas térmicas movidas à óleo combustível no leilão realizado na terça-feira pelo governo. Segundo ele, o Brasil está abrindo mão da sua vocação hídrica e privilegiando uma energia mais cara e mais poluente. "Mais uma vez o Brasil optou por óleo em vez de usar água que é renovável... se um marciano chegasse ao Brasil ele não entenderia a opção que faz o Brasil. Não há sentido ambiental e econômico. É fruto de uma visão míope de demonizar as hídricas", afirmou Kelman. De acordo com cálculos da EPE, 63,7 por cento dos 3.125 megawatts médios contratados para a partir de 2013 serão provenientes das térmicas movidas à óleo. Para Kelman, além do impacto ambiental maior, as térmicas podem impor restrições logísticas. "A conta que fizemos leva em consideração a quantidade de óleo necessário para despachar e dividimos pela quantidade de caminhões (de 30 mil litros) necessários para transportar. Daria uma frota de mil e quinhentos caminhões. É significativo", alertou Kelman. O diretor da Aneel admitiu que a crise financeira mundial pode afetar e encarecer os investimentos em energia no Brasil. "É unânime que vai rarear o crédito e a disponibilidade de investimento vai diminuir. Isso impõe ao Brasil o desafio de se aperfeiçoar ainda mais na criação de um ambiente atraente para investimentos", disse ele, citando como problemas atuais a interferência do judiciário nas questões energéticas bem como a demora na concessão de licenças ambientais para projetos.

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