NÃO MAIS TROIKA?
No acordo, a odiada “troika” de inspetores da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI, que monitora o cumprimento dos compromissos de ajuda à Grécia, é chamada de “as três instituições”.
Tsipras declarou que a Grécia estava “deixando a austeridade, os resgates e a troika para trás”. No entanto, os planos do governo ainda precisam ser aprovados pelo renomeada troika, embora Tsipras tenha vencido as eleições no mês passado com a promessa de acabar com a humilhação de estrangeiros ditando a política econômica da Grécia.
A oposição aproveitou o recuo nas promessas que provocaram grandes expectativas entre os gregos. “Nenhum mecanismo de propaganda ou pirueta pode esconder o simples fato de que eles mentiram para os cidadãos e venderam ilusões”, declarou Evangelos Venizelos, líder do partido socialista Pasok.
Venizelo foi vice-primeiro-ministro na última coalizão conservadora que conseguiu levantar fundos nos mercados financeiros com duas emissões de títulos no ano passado. Com a economia mostrando sinais de crescimento depois de uma depressão que liquidou cerca de um quarto do PIB, o partido havia se preparado para sair do programa de resgate, mas perdeu força o poder para o Syriza em 25 de janeiro.
O acordo de sexta-feira apenas ganha tempo para a Grécia buscar um acordo de longo prazo com o grupo do euro. Membros da zona do euro, Irlanda e Portugal já deixaram o programa de resgate, mas a Grécia ainda enfrenta outro programa – no topo dos resgates de 2010 e 2011 totalizando 240 bilhões de euros – quando a extensão terminar.
“Uma vez que você os leva para o espaço seguro pelos próximos quatro meses, haverá outro conjunto de discussões que irão efetivamente envolver a negociação de um terceiro programa para a Grécia”, disse no sábado Michael Noonan, ministro das Finanças da Irlanda.
Tsipras foi mais responsável pelas negociações para o acordo do que o representante grego no grupo europeu, Varoufakis. Mas fontes próximas ao governo afirma que isso reflete a necessidade de Tsipras em conseguir apoio com a ala esquerdista do Syriza e seus parceiros de coalizão na ala direitista, o Partido Independente.
O apoio deles será crucial na manutenção da unidade de governo durante as negociações para o acordo de longo prazo.
Da mesma maneira, Tsipras precisa manter o apoio público. Costas Panagopoulos, que dirige a empresa de pesquisas Alco, afirmou que a reação inicial foi de alívio por a Grécia continuar na zona do euro.
Os gregos podem até aceitar a mudança no discurso de Tsipras e a afirmação de que a troika não interfere mais.
“Pode soar estranho, mas isso pode se transformar em ganhos políticos”, disse ele à Reuters.