Greenspan critica Bush em livro de memórias

Ex-diretor do Fed afirma que Bush deu pouca atenção à disciplina financeira.

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Por BBC Brasil
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O ex-presidente do Fed, o Banco Central americano, Alan Greenspan, que esteve à frente da organização por quase 20 anos, criticou duramente o presidente George W. Bush em suas memórias, que chegam às lojas na segunda-feira. Em "A Era da Turbulência: Aventuras em um Novo Mundo", Greenspan afirma que Bush, o vice-presidente Dick Cheney e o Congresso, controlado pelo Partido Republicano, abandonaram os princípios do partido em gastos e déficit. Segundo artigo do jornal americano The New York Times, que teve acesso ao livro, Greenspan descreve a administração Bush como tão prisioneira de sua própria operação política que se esqueceu de prestar atenção à disciplina fiscal. Segundo o ex-presidente do Fed, a Casa Branca ignorou seu conselho para vetar o que ele chama de contas "fora do controle" que levaram o país a déficits mais e mais profundos, enquanto o Congresso abandonava regras que exigem que o custo do corte de impostos seja contrabalançado por cortes de gastos em outros departamentos. "Os republicanos no Congresso perderam seu caminho", escreve Greenspan. "Eles trocaram princípios por poder. Acabaram sem nada. Eles mereceram perder" nas eleições de 2006, em que perderam o controle do Congresso. Mas o ex-diretor do Fed também elogia Bush por ter permitido que o banco central permanecesse independente da pressão política, afirmando que ele foi escrupuloso ao não tentar interferir na política monetária. Segundo Greenspan, George Bush pai, ao contrário, exerceu forte pressão sobre o Fed nos anos 90 e culpou o diretor por ter contribuído para sua derrota nas urnas, em 1992, por não ter evitado uma recessão diminuindo a taxa de juros. Seus maiores elogios, no entanto, vão para o presidente democrata Bill Clinton, que ele descreve como uma esponja para dados econômicos que manteve "um foco consistente e disciplinado no crescimento econômico a longo prazo". Em contraste, Greenspan descreve Bush como um homem movido mais por ideologia e desejo de cumprir promessas da campanha de 2000, desinteressado nos efeitos de sua política econômica, e com uma administração incapaz de executar políticas. No livro, Greenspan ainda reflete sobre mercados, globalização e a fascinação da mídia sobre a grossura de sua valise quando ia às reuniões com o Federal Open Market Comittee, em que as taxas de juros básicas eram definidas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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