Greve de caminhoneiros afeta indústria avícola

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Por Redação
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Os bloqueios realizados pelos caminhoneiros em algumas estradas do Brasil estão afetando o abastecimento de ração para criação de frangos e também o transporte de animais vivos para agroindústrias, informou a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). O abastecimento de outros produtos agropecuários também está ameaçado, com bloqueios registrados em estradas como a Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. "Empresas associadas já relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios. Um descompasso nesse fornecimento é extremamente prejudicial para a produção de uma importante proteína animal", afirmou a Ubabef em nota nesta terça-feira. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. A carne de frango também é a mais consumida no país, com um consumo per capita de 47,7 quilos por habitante ao ano, segundo dados do setor. "Outro problema grave diz respeito a animais vivos, já que a produção avícola também depende do transporte de pintos de um dia para as regiões produtoras e, posteriormente, de aves vivas para as agroindústrias", afirmou a Ubabef. A entidade defendeu em nota que o governo tome medidas para que "se impeça um quadro grave no abastecimento da carne de frango, um dos principais alimentos da mesa do brasileiro". Os problemas no transporte atingem o setor no momento em que a indústria sofre uma alta de custos, com preços recordes da soja, milho e farelo de soja registrados no mercado internacional em julho, em função da seca que atinge as lavouras norte-americanas. O presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra, estará nesta terça-feira em Brasília para participar de audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. No encontro, ele entregará ao ministro um documento com relato da crise vivida pelo setor devido à pressão de custos. O protesto de caminhoneiros, iniciado na quarta-feira, é contra uma nova regra do governo, que exige que um intervalo de descanso mínimo de 11 horas entre jornadas. Os líderes do movimento têm uma audiência nesta terça-feira em Brasília com o ministro dos Transportes, Paulo Passos, e, após o encontro a categoria vai definir os rumos da paralisação. Segundo o setor, há áreas poucas áreas de descanso nas principais rodovias, o que inviabiliza o cumprimento da regra. Além disso, a medida também reduzirá o rendimento dos caminhoneiros. Os caminhoneiros realizam manifestações e bloqueios desde domingo na rodovia presidente Dutra, uma das mais importantes do Brasil. Caminhoneiros que tentam furar o bloqueio são ameaçados e alguns veículos são até apedrejados. Paralisações desse tipo foram realizadas também em outras estradas de São Paulo, no Sul do país e, mais recentemente, no Espírito Santo. (Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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