Gripe suína atinge índios da Amazônia peruana

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Por Redação
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Membros de uma tribo amazônica tiveram resultados positivos em exames para o novo vírus H1N1, disseram autoridades peruanas na quarta-feira, gerando a preocupação de que a doença se espalhe para comunidades mais remotas, com defesas limitadas contra a doença. Os sete casos da etnia Matsigenka foram confirmados pelo escritório regional do Ministério da Saúde no sudeste do Peru. Todas as vítimas se recuperaram. A comunidade vive ao longo do rio Urubamba, perto de uma reserva demarcada para índios não contatados, o que leva ativistas da questão indígena a temerem que o vírus chegue a povos mais isolados e, portanto, mais vulneráveis a doenças trazidas por estranhos. "Tribos isoladas não têm imunidade para doenças infecciosas que circulam na nossa sociedade industrial, e serão particularmente suscetíveis à gripe suína", disse Stafford Lightman, professor de Medicina da universidade britânica de Bristol, em nota divulgada pela entidade londrina Survival International. A gripe suína surgiu em abril, provavelmente no México, e desde então se espalhou pelo mundo, contaminando centenas de milhares de pessoas e matando mais de 1.400. A Organização Mundial da Saúde estima que o vírus pode vir a atingir 2 bilhões de pessoas. O governo do Peru, que cogita criar cinco novas reservas indígenas, frequentemente sofre críticas por supostamente não proteger tribos em localidades remotas. As estimativas sobre quantas etnias não contatadas há na fronteira Peru-Brasil variam muito -- de algumas poucas até cerca de cem. A Amazônia peruana tem vastas e em grande parte inexploradas reservas de gás e petróleo, e o governo estimula investimentos privados nesse setor. As tribos isoladas do Peru vêm sendo ameaçadas por madeireiros ilegais, operários do setor energético, agricultores, caçadores e turistas, disse Stephen Corry, diretor da Survival International. "Em tempos de uma pandemia global, é ainda mais importante do que nunca que seus direitos fundiários sejam reconhecidos e protegidos, antes que seja tarde demais", afirmou. (Reportagem de Marco Aquino e Dana Ford)

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