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Gripe suína: Comércio na Cidade do México perde R$ 240 mi por dia

Fechamento de cinco dias ameaça micro e pequenas empresas; governo diz que saúde é o 'mais importante'.

Por Carolina Hanashiro
Atualização:

O comércio na Cidade do México está perdendo 1,5 bilhão de pesos por dia (cerca de R$ 240 milhões), por causa do fechamento de cinco dias de lojas e empresas ordenado pelo governo por causa da gripe suína. A estimativa é da Confederação Patronal da República Mexicana, quedisse ainda temer o fechamento de micro e pequenas empresas emconsequência da situação econômica do país. Restaurantes, bares e todo o setor de lazer e entretenimento foramafetados pelas medidas de prevenção do governo, que proibiu estesestabelecimentos de funcionar até a próxima quarta-feira. O governo do México afirmou que epidemia de gripe suína vem causando grandes prejuízos à economia do país, mas disse que ainda não é possível saber o tamanho do estrago. Na noite de segunda-feira o presidente Felipe Calderón disse que a saúde dos mexicanos é o mais importante, mas que é preciso pensar também na recuperação do crescimento econômico do país o mais rápido possível. O México é um dos países mais afetados pela crise econômica mundial. "Por isso já foram dadas instruções aos membros do gabinete econômico para que desenhem uma série de medidas destinadas a minimizar o impacto (da epidemia) sobre a atividade econômica do México", disse. Desde que foi dado o alarme por causa do surto, vários setores foram obrigados a parar ou diminuir suas atividades. As indústrias passaram a operar com menos funcionários e em sistema de turnos e as empresas mantiveram apenas as operações essenciais ou aquelas que pudessem ser realizadas de casa por seus empregados. Outra preocupação, apontada por analistas, é em relação à remessa de divisas dos mexicanos que trabalham nos Estados Unidos. Se até há alguns meses havia esperança de recuperação da economia americana e, com ela, o regresso dos trabalhadores mexicanos dispensados nos últimos meses, esta possibilidade parece cada vez mais remota. Turismo O setor de turismo, uma das principais fontes de renda do país, se viu imediatamente afetado pela crise e, com a imagem do México comprometida em todo o mundo, não espera se recuperar tão depressa. Os hotéis da capital indicam uma taxa de ocupação de menos de 10%, o que, para a Câmara de Comércio, Serviços e Turismo da Cidade do México representa uma perda diária de 777 milhões de pesos (aproximadamente R$ 125 milhões). Em destinos turísticos como Cancun, Cozumel ou Los Cabos, reservas para os próximos meses foram canceladas. O setor aéreo, que já vinha enfrentando uma queda na demanda superior a 20% por conta da recessão econômica, também se viu afetado pela epidemia. Além de voos cancelados, as companhias aéreas ainda estão tendo que lidar com a medida adotada por alguns países de proibir voos provenientes de e com destino ao México. "Mas seguiremos promovendo o México, principalmente nas próximas feiras e exposições internacionais, como as de Londres, Atlanta, Chicago, Shangai e Los Angeles", disse o Ministro da Economia, Gerardo Ruiz. Outro setor que já sente os resultados negativos do surto é o de produtos suínos. Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter confirmado que o consumo de carne de porco não é um meio de transmissão da doença, a venda do produto caiu mais de 80% no país e, segundo o governo, algumas nações resolveram cancelar as importações de carne suína mexicana. "Acudiremos à Organização Mundial do Comércio para expressar nosso desacordo com as restrições impostas por alguns países ao acesso de produtos suínos do nosso país", disse Ruiz. Lucros com a crise No entanto, durante estes dias de alerta no México, alguns setores obtiveram resultados positivos, como as redes de comida fast-food e os supermercados. Com o fechamento de 35 mil restaurantes na Cidade do México até a próxima quarta-feira e o cerco aos vendedores informais, os moradores não tiveram outra opção a não ser comer em casa. Na semana passada, diante da possibilidade de uma quarentena, os mexicanos se dirigiram aos supermercados, inclusive de madrugada. Diante da situação, a própria Associação Nacional de Lojas de Auto-serviço e de Departamentos emitiu um comunicado pedindo que se evitassem "compras de pânico". A entidade, que agrupa mais de 17 mil lojas no país, assegurou que todos seus estabelecimentos permaneceriam abertos. As farmácias não puderam responder à demanda de produtos vitamínicos, antigripais, antibactericidas e, principalmente, de máscaras de proteção. O setor estima que nos últimos dias houve um aumento de 300% nas vendas em função da gripe suína. Consultórios e hospitais privados também reportam aumento no número de pacientes que, preocupados com a epidemia, acudiram aos médicos. Durante o feriado prolongado, que termina nesta terça-feira, outro serviço que registrou ganhos foi o das locadoras de filmes. Sem opções de lazer nas ruas, 150 mil pessoas reativaram suas contas na rede Blockbuster, que elevou em 100% suas vendas. Ações O Ministro da Economia do México, Gerardo Ruiz, disse que nos próximos dias serão anunciadas diversas medidas que estão sendo analisadas para ajudar os setores mais afetados pela epidemia. "E teremos que colocá-las para funcionar imediatamente." Na semana passada, o ministro da Fazenda do México, Agustín Carstens disse que é impossível ter um índice diário do efeito da epidemia na economia do país. O impacto, disse, "vai depender certamente da duração e propagação da epidemia". Mas, segundo o ministro, seria um impacto de curto prazo. "Estaria concentrado nos serviços e a recuperação seria rápida. E a razão principal é que diante deste choque a infraestrutura do país, sua capacidade produtiva, não se vê afetada em sua essência." 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