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Grupo armado ataca acampamento sem-terra no PR

Por MIGUEL PORTELA
Atualização:

Seis sem-terra ficaram feridos hoje após confronto com um grupo de aproximadamente 40 homens armados nas proximidades do acampamento Dorcelina Folador, em Cascavel, oeste do Paraná. Um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) continua internado. Foi a segunda ação no Estado de uma milícia armada esta semana contra sem-terra. No domingo, o sem-terra Eli Dalemolle foi assassinado dentro de casa no acampamento Libertação Camponesa, em Ortigueira, na região Central do Estado. Cinco pessoas foram presas. O ataque de hoje seria uma retaliação contra os trabalhadores rurais, que na quarta-feira bloquearam a estrada de acesso à fazenda Cajati e apreenderam um trator e um caminhão usados no corte e transporte de madeira. O MST justificou que a ação teve o objetivo de denunciar o desmatamento ilegal na região. De acordo com relatos dos sem-terra, a incursão do grupo armado aconteceu de madrugada e durou cerca de 15 minutos. "Foi uma ação muita rápida e organizada. Os pistoleiros chegaram atirando", disse Moacir Martence, um dos líderes do acampamento Dorcelina Folador, localizado dentro da fazenda Cajati. Segundo o líder do MST, cerca de 50 sem-terra estavam acampados na área onde foi retirada a madeira. No local, vivem cerca de 450 famílias de sem-terra, que ocupam a área desde maio de 1999. A fazenda, que tem ordem de reintegração de posse desde aquela época, pertence a Orlando Carneiro, que preferiu não se manifestar sobre o confronto. Para Moacir, os homens não queriam matar, "mas causar pânico aos trabalhadores rurais". No local, a polícia recolheu mais de 50 cartuchos deflagrados de armas calibres 12, 38, 22 e 9 milímetros. De acordo ainda com relatos das vítimas, os agressores usaram pedaços de madeira contra os acampados. Situação Controlada Paulo Valmor Schneider, um dos feridos e o único que está hospitalizado, sofreu fraturas e apresenta vários hematomas pelo corpo. Ele contou que estava dormindo quando o ataque começou e, quando tentou fugir, foi atacado com chutes, socos e pauladas. Os próprios sem-terra avisaram a polícia sobre o ataque. "Quando chegamos ao local do confronto a situação já estava contornada", disse o tenente José Eliseu Moreira da Silva. A Polícia Militar fez um cerco na região, mas não localizou os suspeitos. Uma equipe permanece na região para manter a segurança. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Os integrantes dos MST acusam a mesma milícia armada que promoveu a desocupação na fazenda Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, em outubro do ano passado. Na ocasião, o segurança Fábio Ferreira e o líder do MST Valmir Mota de Oliveira foram mortos.

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