Grupo de sem-terra invade mais uma fazenda no Pontal

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Cerca de 70 militantes do movimento Unidos pela Terra e Fome Zero (Uniterra) invadiram neste domingo a Fazenda Santo Antonio, em Presidente Epitácio, no Pontal do Paranapanema, elevando para 17 o número de áreas invadidas desde domingo passado, quando teve inicio a operação carnaval vermelho. As ações foram apoiadas por integrantes da ala do Movimento dos Sem-Terra (MST) ligada a José Rainha Júnior e do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast). No sábado, o Mast já tinha invadido a Fazenda Santa Maria, no mesmo município. Hoje, estava prevista também a invasão da Fazenda Sul Mineira, em Epitácio, mas a ação foi adiada por causa da chuva. "Não desistimos, só adiamos para amanhã", disse a presidente da Uniterra, Valdirene Gomes. Na invasão da Santo Antonio, os sem-terra repetiram o roteiro já tradicional na região: chegaram num comboio de caminhões, ônibus e carros, romperam a cerca e começaram a levantar os barracos no interior da propriedade. As duas fazendas invadidas neste final de semana são consideradas produtivas. De acordo com Valdirene, as ocupações visam a pressionar o governo estadual para dar seqüência à reforma agrária na região. "Também não aceitamos o projeto do governador José Serra que regulariza as fazendas devolutas." O projeto, que propõe a regularização de áreas com mais de 50 hectares em litígio judicial, está na Assembléia Legislativa. Ela disse que a união dos movimentos com o MST de José Rainha deu "mais força" à luta pela reforma agrária na região. A líder reclamou da falta de diálogo com o governo estadual. "Eles (governo) não falam com a gente." De acordo com a Policia Militar, os proprietários das áreas invadidas devem procurar hoje a Polícia Civil para providenciar o pedido de reintegração de posse na Justiça. O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que a impunidade estimula o que chamou de "farra das invasões". De acordo com o ruralista, o Judiciário tem concedido a reintegração de posse das áreas invadidas, mas não determina que os invasores sejam identificados e processados criminalmente. "A invasão é crime e, como é praticado por grupos, caracteriza no mínimo formação de quadrilha."

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