16 de outubro de 2014 | 20h10
"É inadmissível, moral e eticamente, que grupos autoritários decidam o que pode ou não pode ser debatido na universidade e/ou quem pode ou não participar dos debates. Esse não é um caso isolado e é preciso denunciar essa postura, que tem ganhado corpo nas Universidades", diz o texto, assinado pelo sociólogo Sérgio Adorno, da Universidade de São Paulo, a socióloga Julita Lemgruber e a cientista política Sílvia Ramos, ambas do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da Comissão Nacional da Verdade, o economista Daniel Cerqueira, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), entre outros.
Os estudantes gritavam palavras de ordem lembrando a morte do pedreiro Amarildo Souza, morto na UPP da Rocinha, e cobravam a desmilitarização da PM. Convidados a integrar a mesa do debate, recusaram-se. "Disseram que impediriam o evento e que polícia só tinha que entrar na universidade depois de passar no vestibular", contou Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência.
Cano disse ainda que os jovens ficaram agressivos e chegaram a jogar água em Dawid Bartelt, representante no Brasil da Fundação Heinrich Böll, organização alemã que financiou a pesquisa. Bartelt teve de sair sob escolta. "Foi uma vergonha. Se formos trocar o argumento pelo grito, a experiência empírica pela palavra de ordem, então seria melhor fechar a universidade", afirmou o sociólogo.
Na página do Centro Acadêmico de História da Uerj (Cahis), os estudantes justificaram o ato "contra o comandante das UPPs", lembrando que a Uerj foi pioneira ao admitir estudantes pelo sistema de cotas raciais. "(A Uerj) foi a primeira a ter em suas salas estudantes negros, pobres e favelados. Sendo assim, não poderíamos permitir a realização de um evento sobre as Unidades de Polícia ''Pacificadoras'' que assassinam diariamente esses mesmos jovens negros e favelados", escreveram. Eles não deram entrevista.
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