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Há 31 anos, o modernismo em cinzas, no MAM

Por Luiz Horta
Atualização:

A perda de acervos é parte da história cultural, não sendo triste exclusividade carioca. Mas fogo e arte parecem manter uma relação constante no Rio. Trinta e um anos passados, na madrugada de 8 de julho de 1978, um incêndio destruiu as mais de mil obras do acervo do Museu de Arte Moderna. Sobraram 50 trabalhos, as paredes calcinadas do projeto modernista de Affonso Eduardo Reidy e os jardins de Burle Marx. Algumas obras muito danificadas foram posteriormente restauradas, como uma escultura de Constantin Brancusi e umas poucas salvas, caso de uma tela de Jackson Pollock. Desapareceram irreversivelmente telas de Picasso, Miró, Magritte e de todos os artistas brasileiros representativos na época, como Di Cavalcanti e Portinari. O mais terrível foi a destruição da quase totalidade da vida artística do mais importante pintor uruguaio, Joaquín Torres-García. Uma grande retrospectiva de seu trabalho estava montada no museu e dela nada sobrou. A perda representou 90% do que o artista produzira e quase gerou um incidente diplomático. O Museu Torres-García em Montevidéu exibe atualmente réplicas fotográficas de seus trabalhos.O laudo sobre as causas do incêndio foi ambíguo, teria começado numa faísca gerada por curto-circuito e só foi percebido pelo vigia às 3 da manhã. O único extintor de incêndio existente no lugar não funcionou. Os bombeiros, quando chegaram, enfrentaram problemas de água para abastecer suas mangueiras. Em 1993 o MAM-Rio foi reinaugurado, com doações, principalmente da coleção Gilberto Chateaubriand. No acervo atual, felizmente, há obras de Hélio Oiticica.

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