20 de junho de 2013 | 08h05
Seis horas antes, ao fazer um balanço dos prejuízos causados ao Edifício Matarazzo, sede do governo municipal, durante a tentativa de invasão na terça-feira, Haddad chegou a dizer que reduzir a tarifa agora seria "dialogar com o populismo".
"As pessoas têm de compreender que essas escolhas são difíceis para o governante, que a coisa mais fácil do mundo é você agradar no curto prazo. É você tomar uma decisão de caráter populista, sem explicar para a sociedade implicações das decisões que você está tomando", afirmou, pela manhã.
Haddad, porém, já havia sido pressionado a ceder pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu anteontem. O temor era que as manifestações atingissem Dilma, candidata à reeleição em 2014.
Consequências
O impacto econômico da medida ainda precisará ser detalhado nos próximos dias. "Agora, com o orçamento que nós temos, fomos a um patamar de subsídio da ordem de R$ 1,250 bilhão", disse Haddad. Conforme números apresentados anteontem, os R$ 0,20 a menos representam, nas contas dele, um acréscimo de cerca de R$ 200 milhões nos gastos da Prefeitura neste ano.
Já em relação ao Estado, a manutenção da tarifa em R$ 3 exigirá pelo menos R$ 210 milhões/ano em investimentos da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
No plano federal e político, porém, a medida pode ter efeito contrário. No combate à inflação, a revogação do aumento deve render um alívio de pelo menos 0,21 ponto porcentual no índice oficial de inflação, refletindo neste e no próximo mês - como pode ser adotada "em cascata" por outras cidades, o alívio pode ser ainda maior.
Para especialistas ouvidos pela reportagem, a qualidade do serviço de metrô, trem e ônibus se manterá estável. Isso porque os protestos - que ainda mostraram o poder de reunião via redes sociais - tornaram as pessoas mais ciosas da questão e o ônus político de sua deterioração tende a ser cada vez maior. (Colaboraram Carla Araújo e Gustavo Porto). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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