Haiti pede que EUA liderem reconstrução

Embaixador do país em Washington quer ''Plano Marshall'', não ''Plano Lula''

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Por Patrícia Campos Mello
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Em um artigo no jornal The Wall Street Journal de ontem, o embaixador do Haiti em Washington, Raymond Joseph, defendeu a implementação de um "Plano Marshall" liderado pelos EUA para a reconstrução do seu país. "Eu pedi uma espécie de Plano Marshall para o Haiti, implementado pela comunidade internacional, sob liderança dos EUA", escreveu Joseph. "O presidente americano, Barack Obama, me prometeu que os EUA estarão ao lado do Haiti no longo prazo." O Plano Marshall foi o plano de reconstrução da Europa após a 2ª Guerra, liderado pelos EUA. A declaração de Joseph contraria uma proposta do chanceler brasileiro, Celso Amorim, que vem se referindo ao plano de recuperação do Haiti como "Plano Lula" e se opõe à liderança dos EUA e à permanência dos americanos no país no longo prazo. "Me dá um pouco de aflição essa história de que as imagens têm sempre que vir do exterior. Isso que está ocorrendo aqui na realidade já faz parte do Plano Lula", disse Amorim, no início da semana, em Montreal, durante uma reunião ministerial preparatória para uma conferência de doadores para a reconstrução do Haiti. Segundo o chanceler brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a idealizar uma reunião de doadores para o Haiti. Amorim deixou claro que espera uma grande participação brasileira na reconstrução, que, para ele, não deveria ser liderada pelos EUA. "É muito importante que o Haiti e a ONU sejam donas do programa", disse. Os EUA têm sido criticados por brasileiros, europeus e ONGs por terem tomado conta do aeroporto haitiano logo após o terremoto e por enviarem um contingente de quase 20 mil soldados para o país. Joseph deixou claro que o protagonismo dos EUA é bem-vindo."Os militares dos EUA restabeleceram a ordem no aeroporto de Porto Príncipe e facilitaram as comunicações", escreveu o embaixador hondurenho. Ele citou também um navio hospital, helicópteros e outros equipamentos enviados pelos EUA, além dos 225 mil barris de combustível fornecidos pela Venezuela - mas não fez referência ao Brasil.

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