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Hollande vence 1º turno na França e larga na frente em pesquisas

Presidente Nicolas Sarkozy disputará segundo turno com socialista em maio.

Por Daniela Fernandes
Atualização:

O socialista François Hollande venceu o primeiro turno das eleições presidenciais na França no domingo, com 28,63% dos votos, à frente do presidente Nicolas Sarkozy, que obteve 27,18%, segundo dados do Ministério do Interior. Esta é a primeira vez que um presidente francês concorrendo à reeleição não consegue vencer o primeiro turno desde a Quinta República Francesa, iniciada em 1958. Os dois vão se enfrentar no segundo turno, marcado para 6 de maio. Segundo três pesquisas realizadas logo após o encerramento do primeiro turno, Hollande se mantém favorito e ganharia com facilidade o segundo turno. Segundo uma pesquisa do instituto Ifop, divulgada na noite de domingo, Hollande venceria o segundo turno com 54,5% dos votos, enquanto o presidente Sarkozy obteria 45,5%. Eleição de extremos Além da alta taxa de participação na votação, de quase 80%, a outra surpresa no primeiro turno das eleições presidenciais foi o resultado da candidata da extrema direita Marine Le Pen, que obteve 17,9% dos votos e ficou em terceiro lugar na votação. Le Pen, que disputou pela primeira vez uma eleição presidencial, conseguiu obter o melhor resultado do partido Frente Nacional em sua história. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, havia disputado cinco vezes a Presidência. A candidata disse que o resultado é "apenas o começo". "Quando a França vai mal, o Front National vai bem", diz o cientista político Pascal Perrineau, do Centro de Estudos da Vida Política Francesa, da faculdade de Ciências Políticas de Paris. O primeiro turno das eleições presidenciais foi marcado pelo que analistas viram como "voto de protesto" contra Sarkozy. Quase 30% dos eleitores franceses votaram na extrema direita ou na extrema esquerda. O candidato da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, da Frente de Esquerda, associada aos comunistas, obteve 11,11% dos votos. Transferência de votos Os votos dos eleitores do Front National e dos centristas do candidato François Bayrou (quinto colocado na votação, com 9,3 % dos votos) serão a chave do segundo turno das eleições presidenciais, apontam analistas. As pesquisas divulgadas no domingo apontam que entre 50% e 60% dos eleitores de Le Pen apoiariam Sarkozy no segundo turno. O restante poderia votar em Hollande ou se abster na votação. Mas, para vencer, Sarkozy teria de ampliar essa margem de apoio, o que não será uma tarefa fácil, segundo analistas, já que existe um sentimento de rejeição em relação a Sarkozy em parte do eleitorado. O presidente já tinha, no primeiro turno, o objetivo de atrair o eleitorado da extrema direita com discursos sobre a meta de reduzir a imigração pela metade, mas sua estratégia fracassou, dizem jornais franceses, em razão do forte avanço do Front National no primeiro turno. "Nós estamos confiantes, apesar das dificuldades", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, nesta segunda-feira. Pouco depois da divulgação dos resultados deste domingo, Hollande comemorou com um discurso e disse que é o candidato mais bem colocado para ser o próximo presidente da França e que Sarkozy foi punido pelos eleitores. Sarkozy, que ocupa a Presidência desde 2007 e conduziu sua campanha sob o slogan de que só ele é capaz de preservar a "França forte", disse que entende a "angústia" dos franceses em um mundo em rápida mudança. O presidente convidou o adversário para três debates nas próximas duas semanas até o segundo turno, onde os dois discutiriam economia, questões sociais e relações internacionais. Hollande, porém, rejeitou a ideia, e disse que um único debate, como é tradição, seria o suficiente. Crise e desemprego Em um discurso após a divulgação dos resultados, o presidente Sarkozy já se voltou novamente para o eleitorado da extrema direita ao falar sobre o "amor à Pátria" e abordar temas como imigração e proteção das fronteiras. Salários, pensões, impostos e desemprego são apontados como as principais preocupações dos eleitores franceses nessas eleições. E, na opinião de parte dos cidadãos, os candidatos fracassaram em apresentar soluções concretas para esses problemas, numa campanha de pouco brilho que não suscitou grande empolgação. As frustrações com o estilo mais exibicionista de Sarkozy e com a imagem apagada de Hollande também favoreceram o crescimento de candidatos radicais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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