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Hollywood vai à conferência do clima em Copenhague

Por BOB TOURTELLOTTE
Atualização:

Você acha que o degelo da calota ártica é a maior ameaça decorrente do aquecimento global? E os perigos para os ursos polares? Pense outra vez, e pense rápido. Na opinião do cineasta Michael Nash e de outros, as maiores preocupações são do âmbito da segurança nacional e com a perspectiva de milhões de refugiados deslocados por causa das mudanças no clima mundial. E são problemas de hoje, não do futuro, segundo eles. Nash e o produtor Justin Hogan vão a Copenhague, onde seu documentário "Climate Refugees" ("Refugiados Climáticos") será exibido na segunda-feira a uma seleta plateia de líderes e cientistas que participam da conferência na capital dinamarquesa que discute um novo tratado climático global Nesse filme, Nash entrevista cientistas e políticos, como o senador norte-americano John Kerry e o ex-deputado Newt Gingrich, para quem a mudança climática é uma questão de segurança, já que os deslocamentos em massa geram conflitos entre países que disputam recursos. A obra, que examina o impacto humano do aquecimento, terá sua estreia mundial em janeiro no festival de Sundance, mesma tela onde estreou em 2006 "Uma Verdade Inconveniente", documentário sobre o clima posteriormente premiado com o Oscar. Nash disse à Reuters que é animador poder mostrar seu filme em Copenhague aos políticos que serão capazes de aprovar leis contra o aquecimento. Mas, segundo ele, é a estreia em Sundance que irá impulsionar o documentário junto às plateias comuns. "É ótimo ir a Copenhague, mas também precisamos que as pessoas digam aos governantes o que elas querem", afirmou. Há três anos, Nash começou a ler sobre migrações em massa de pessoas à procura de água e comida em regiões áridas da África, ou que perdiam suas casas devido ao avanço do mar em Bangladesh. Com uma câmera na mão, ele e Hogan se aventuraram por lugares como Orissa (Índia), onde a aldeia litorânea de Kanhapura sumiu. Também estiveram em Tuvalu, ilha do Pacífico Sul que está afundando lentamente, e cujos milhares de habitantes em breve terão de se mudar. A Organização Internacional para a Migração divulgou na terça-feira uma estimativa segundo a qual 1 bilhão de pessoas irão deixar suas casas por causa de fatores climáticos nas próximas quatro décadas. Em 2008, segundo a entidade, 20 milhões de pessoas ficaram desabrigadas devido a desastres ambientais. "Uma das coisas que aprendi viajando por cerca de 50 países é que torcemos para que o homem esteja causando (a mudança climática), porque, se estivermos em um ciclo natural e for causado por algo que não podemos controlar, seria realmente alarmante."

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