Homicídio é causa de quase metade das mortes de jovens no Brasil

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Por HUGO BACHEGA
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Quase metade dos adolescentes das grandes cidades brasileiras morre por homicídio e o número de jovens assassinados de 2006 até 2012 superará 33 mil, revelou o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) divulgado nesta terça-feira. O levantamento calculou pela primeira vez o IHA, que mede a expectativa de homicídios de jovens brasileiros de entre 12 e 18 anos. O valor médio nacional calculado foi de 2,03, ou seja, cerca de dois homicídios para cada mil jovens antes dos 19 anos. O relatório revelou ainda que 45 por cento das mortes de adolescentes entre 12 e 18 anos, registradas em 2006, foram por homicídio. Segundo o estudo, os números mostram a gravidade da situação "particularmente se lembrarmos que mortes por causas evitáveis de adolescentes... deveria ser, a princípio, um fato extremamente raro em qualquer sociedade". A estimativa de 33 mil assassinatos de adolescentes de 2006 a 2012 causou "surpresa" na subsecretária dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Carmen Oliveira. "Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes", disse ela, segundo a Agência Brasil. A subsecretária reconheceu a "ineficiência" e a "insuficiência" de políticas públicas, inclusive diante da evasão escolar. "Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência", afirmou. Foram avaliados 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, a partir de dados de 2006. Em 20 dos municípios pesquisados, a média foi igual ou maior a 5. Segundo o estudo, Foz de Iguaçu lidera o ranking, com a expectativa de 446 homicídios de jovens para cada 100 mil habitantes, ou IHA de 9,7. Duas capitais aparecem entre os 20 municípios acima da média --Maceió (AL) e Recife (PE), ambos com IHA de 6,0. Rio de Janeiro está na 21a posição (com índice de 4,9) e São Paulo no 151o lugar (1,4). Para Manuel Buvinich, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, 60 por cento dos ganhos registrados com a redução da mortalidade infantil entre crianças de até 5 anos "se perdem" frente aos altos índices de assassinatos de jovens. "Ficamos muito preocupados com o fato de a violência letal começar tão cedo, aos 12 anos", afirmou, de acordo com a Agência Brasil. RAÇA E SEXO O estudo apontou risco 2,6 vezes maior de ser assassinado para adolescentes negros em relação a jovens brancos nos municípios pesquisados. A pesquisa indicou ainda que o risco de adolescentes homens morrerem vítimas de homicídio é cerca de 12 vezes maior do que ao de jovens mulheres e que a probabilidade de homicídio por armas de fogo é três vezes maior do que qualquer outro meio. "Os resultados do estudo só reforçam a necessidade de implementação e expansão de programas e ações para a educação e promoção dos direitos de crianças e adolescentes em todo o País", afirmou a Unicef. O estudo foi desenvolvido como parte do Programa Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens, um projeto coordenado pelo Observatório de Favelas e realizado em parceria com a Unicef, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). (Edição de Eduardo Simões)

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