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Houve falha em procedimento no caso Gracie, diz especialista

Segundo o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, lutador não poderia ser tratado por seu médico

Por Beth Moreira
Atualização:

O secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, Ariel de Castro Alves, criticou neste sábado, 15, na 91.ª Delegacia de Polícia de São Paulo (Vila Leopoldina), o procedimento das autoridades policiais que permitiram que o lutador de jiu-jítsu Ryan Gracie, encontrado morto em uma cela durante a manhã, fosse tratado por seu médico particular na delegacia.Lutador Ryan Gracie é encontrado morto na prisãoMédico de Gracie afirma que lutador estava drogado Delegado conta como encontrou o lutador morto na cela "Ele estava em perfeitas condições"diz médico "O procedimento isento seria ter encaminhado para um hospital público, no caso o Hospital das Clínicas, onde se pudesse fazer exames de saúde e toxicológicos", afirmou, dizendo que nesse caso houve falha das autoridades policiais. O procedimento normal de um preso que se envolveu em um tiroteio ou que sofreu golpes, como é o caso do lutador, é que a pessoa seja encaminhada para um hospital para observação e não jogada em uma cela sozinho durante uma noite inteira, criticou Alves. "Nossa compreensão é que quem morre sob tutela do Estado, a responsabilidade é do mesmo, e por isso precisa ser investigado", afirmou. O secretário-geral admite que Gracie pode ter sido vítima dos seus próprios privilégios, já que o procedimento de entrada de médico particular para tratamento na cela é incomum. Ele disse que irá pedir acompanhamento da Ouvidoria da Polícia e do Ministério Público Federal para o caso. Alves levou à delegacia o médico psiquiatra Paulo César Sampaio, que integra o Conselho, que frisou que o normal é encaminhar um preso a um hospital e que cabe ao Estado atendê-lo. "É estranho que ele (o médico Sabino Ferreira de Farias Neto) tenha aplicado medicamentos na delegacia. Eu, como médico, não aplicaria, levaria para o hospital", afirmou. Segundo ele, Gracie deveria ter sido removido para um hospital para fazer uma bateria de exames, para ver inclusive se não havia overdose de drogas no corpo do lutador. "Quem tem uma crise de agitação, tem de ser medicado num hospital", alertou. "Não entendo porque não levaram ele para o hospital", disse Sampaio.

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