Ibovespa sobe 0,7% em novembro; rumo do mercado é incerto

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Por DANIELLE ASSALVE
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O principal índice brasileiro de ações recuou nesta sexta-feira, pressionado pelo fraco desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre, mas acumulou alta em novembro mesmo com preocupações sobre os riscos fiscais nos Estados Unidos. O Ibovespa perdeu 0,65 por cento na sessão, a 57.474 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 14,3 bilhões de reais, quase o dobro da média diária de 7,2 bilhões de reais em 2012. Com isso, o índice acumulou alta de 0,71 por cento em novembro e marcou alta de 1,27 por cento no ano. A economia brasileira cresceu apenas 0,6 por cento no terceiro trimestre deste ano quando comparada com o segundo trimestre, muito abaixo do esperado, com a pior retração dos investimentos em mais de três anos. "Olhar para frente com esses dados do PIB complica um pouco o cenário. Vemos que será difícil o Brasil chegar a um crescimento de 4 por cento no ano que vem", disse o sócio da Órama Investimentos Álvaro Bandeira. Isso abriu espaço para uma realização de lucros na bolsa paulista nesta sessão, segundo operadores, após o forte avanço da véspera. A ação da CSN teve a maior queda do dia, de 5,15 por cento, seguida por Gerdau Metalúrgica, com perda de 4,87 por cento. Entre as blue chips, a preferencial da Vale teve leve alta de 0,27 por cento e a da Petrobras perdeu 2,56 por cento. A ação ordinária da OGX teve queda de 3,12 por cento. O movimento ofuscou o forte avanço das ações de Eletrobras e Cteep, após o governo federal ter elevado o valor das indenizações de transmissoras de energia elétrica no processo de renovação antecipada de concessões do setor. A preferencial da Eletrobras saltou 23,56 por cento, a 9,65 reais, e a ordinária subiu 16,79 por cento, a 7,65 reais. Cteep avançou 4,48 por cento, a 31,25 reais. CENÁRIO INCERTO Embora acreditem que há espaço para a bolsa brasileira avançar até o fim do ano, profissionais de mercado avaliam que qualquer movimento de recuperação mais consistente da Bovespa dependerá, essencialmente, do cenário externo. A falta de avanço nas negociações para evitar um abismo fiscal nos EUA tem sido fonte constante de preocupação para investidores nas últimas semanas. "O que vai definir o rumo da Bovespa em dezembro é o ajuste fiscal norte-americano. Se sair o acordo para evitar o abismo fiscal, a tendência para o mercado é melhorar", disse o operador Luiz Roberto Monteiro, da Renascença Corretora. "Mas a questão ainda é incerta, então podemos esperar mais volatilidade na Bovespa até o fim do ano", acrescentou. A crise europeia também deve seguir no radar, mas em segundo plano, com as atenções voltando a se concentrar em Espanha, após ter sido aprovada a redução da dívida da Grécia e a liberação de nova parcela de resgate ao país. Fatores domésticos também devem continuar a repercutir na Bovespa. "O risco regulatório é o fator que mais preocupa", disse Bandeira, da Órama Investimentos, citando intervenção do governo brasileiro em setores como elétrico e bancário, além da atuação no câmbio. Mesmo que o Ibovespa consiga engrenar algum rali de fim de ano, ainda assim não será suficiente para "salvar" o ano --após uma forte recuperação em 2009, o Ibovespa tem patinado nos últimos três anos. "O cenário global nesses últimos anos não tem sido muito bom e, embora tenha muito otimismo para 2013, existe grande chance de que também seja um ano complicado", afirmou o gestor Marc Sauerman, da JMalucelli Investimentos.

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