IGP-DI desacelera em fevereiro com ajuda do câmbio

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Por RODRIGO VIGA GAIER
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O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,07 por cento em fevereiro, ante elevação de 0,30 por cento em janeiro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira. Em 12 meses, o índice acumulou alta de 3,38 por cento -a menor variação desde abril de 2010, quando o acumulado ficou em 2,95 por cento. "O IGP em 12 meses vem caindo bastante desde dezembro de 2010 e o movimento não foi esgotado ainda", disse o economista da FGV Salomão Quadros. "Não há pressões inflacionárias no horizonte e a taxa de março não vai repetir a do ano passado, disse Quadros, ao lembrar que em março de 2011 o IGP-DI foi de 0,61 por cento. "A taxa deve março deve ser um equilíbrio entre a de janeiro e a taxa de agora, que foi muito baixa", acrescentou. CÂMBIO O IGP-DI é usado como referência para correções de preços e valores contratuais, sendo o indexador das dívidas dos Estados com a União. O índice também é diretamente empregado no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e das contas nacionais em geral. Quadros destacou que a queda do dólar contribuiu para a desaceleração do IGP-DI deste ano. Depois de uma desvalorização de 6,50 por cento em relação ao real no mês de janeiro, a moeda norte-americana se depreciou 1,55 por cento em fevereiro. "O câmbio sempre contribui com a inflação e a perspectiva é que ele permaneça num patamar baixo, o que está fazendo até o governo reagir", apontou Quadros. "O dólar não deve subir muito, o que é bom para a inflação." O governo quer evitar uma valorização excessiva do real, que prejudica as exportações brasileiras e intensifica a concorrência dos produtos importados. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que o mercado cambial está reagindo às medidas já adotadas pelo governo e às que virão. ALIMENTAÇÃO Entre os subíndices que compõem o IGP-DI, o Índice de Preços ao Consumidor-Disponibilidade Interna (IPC-DI) -que mede a evolução dos preços às famílias com renda entre um e 30 salários mínimos mensais e que corresponde a 30 por cento do IGP-DI- subiu 0,24 por cento, frente à inflação de 0,81 por cento em janeiro. Foi a menor variação do IPC desde julho de 2011. Em fevereiro, o IPC foi o principal responsável pelo recuo do IGP-DI. Segundo Quadros, a desaceleração do índice foi puxada pelos preços de Alimentação, em um movimento generalizado de baixa. Além disso, o grupo Educação ficou praticamente estável em fevereiro, com alta de apenas 0,03 por cento, ante 4,90 por cento em janeiro, mês de reajuste de mensalidades. O Índice de Preços ao Produtor Amplo-Disponibilidade Interna (IPA-DI) -que calcula os preços de bens agropecuários e industriais nas transações comerciais em nível de produtor e responde por 60 por cento do IGP-DI- teve variação negativa de 0,03 por cento, após alta de 0,01 por cento em janeiro. A queda foi liderada pelas Matérias-Primas Brutas Agropecuárias, que tiveram redução de preços de 0,33 por cento em fevereiro, com destaque para milho e soja -produtos que haviam subido muito no começo do ano. A soja saiu de uma alta de 3,74 em janeiro para uma queda de 0,09 por cento, ao passo que os preços do milho desaceleraram sua elevação de 8,88 por cento para 1,67 por cento. "Não haverá um novo movimento de alta de agropecuários", disse o economista da FGV. "Imaginava-se que a seca na região Sul e na Argentina ia fazer um estrago enorme, mas (isso) não deve acontecer", acrescentou. Ainda no atacado, a FGV observou pressões que partiram dos grupos Alimentos Processados e Produtos Químicos. Em Alimentos Processados, a deflação diminuiu de 0,52 por cento em janeiro para 0,15 por cento no mês passado, em razão de quedas menores em produtos como aves, carnes bovinas e óleo de soja. Os preços dos Produtos Químicos registraram elevação de 1,14, ante 0,13 por cento no mês anterior, em virtude da alta do petróleo no mercado internacional. "Esses aumentos vão chegar em algum momento ao varejo, mas, como há quedas intensas no varejo, podem se transformar no máximo em pequenas altas", declarou Quadros. O Índice Nacional de Custo da Construção-Disponibilidade Interna (INCC-DI) -que mede a evolução de custos na construção civil- avançou 0,30 por cento em fevereiro, após alta de 0,89 por cento em janeiro. O índice representa 10 por cento do IGP-DI. COPOM Nas últimas semanas, vários indicadores têm mostrado recuo da inflação e até deflação. Na próxima sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o número de fevereiro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para a meta oficial de inflação. A queda da inflação favorece a redução da taxa básica de juros, a Selic, que já perdeu 2 pontos percentuais desde agosto, para os atuais 10,50 por cento ao ano. Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar outro corte.

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