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Império da Tijuca volta a Grupo Especial com bom samba

Por Roberta Pennafort
Atualização:

O bom samba, de refrão poderoso, na ponta da língua dos componentes e do público, não foi suficiente para que a Império da Tijuca fizesse um desfile digno do Grupo Especial. A escola abriu a primeira noite da elite do carnaval carioca - à qual voltou depois de 17 anos em divisões inferiores - com um enredo bem amarrado, "Batuk", sobre a influência na cultura brasileira dos ritmos africanos trazidos pelos escravos no século 16. Mas seu desenvolvimento não foi criativo, e a falta de recursos era evidente: os carros alegóricos e fantasias eram bem simples, com cara de escola pequena."Vai tremer/o chão vai tremer", convocava, com garra, os 3.300 componentes tijucanos - e a Sapucaí respondia. As alegorias e fantasias, no entanto, não empolgavam. O primeiro e o segundo carros, com representações de negros e seus atabaques, eram bem parecidos nos adereços, e os tripés - que apareceram já na comissão de frente - não tinham função clara. O último carro, uma homenagem ao Morro da Formiga, onde a escola nasceu, nos anos 1950, com formigas gigantes, era pueril e paupérrimo.Em sua "batucada mística", o carnavalesco Junior Pernambucano abusou das figuras dos orixás, dos festejos e danças brasileiros de matriz africana e dos instrumentos percussivos, numa sequência um tanto previsível. E ainda faltou cuidado com os detalhes: no carro que aludia ao mangue beat pernambucano, uma garra da escultura de caranguejo "feria" a cada toque um dos bonecos que representavam dançarinos de frevo, arrancando-lhe pedaços. Apesar dos problemas, a Império da Tijuca passou com a garra de quem sobe ao Grupo Especial e tem o desejo de permanecer. O casal de mestre-sala e porta-bandeira fez passos característicos do candomblé diante dos jurados, uma bossa interessante no elegante bailado tradicional.A escola vem de graves problemas financeiros, sanados pelo presidente, Antonio Marcos Teles, com dinheiro do próprio bolso. Toda a família se envolveu para que a Tijuca não "enrolasse a bandeira" (se extinguisse). A rainha de bateria, Laynara Teles, filha de Antonio Marcos, trabalhou no barracão, com a irmã e a mãe. Dividiu-se entre as tarefas administrativas e a malhação. Ex-passista mirim, ela é rainha há nove anos, mas fez sua estreia no Grupo Especial. "Aqui a competição é maior, tem muita rainha. Mas meu pai me garante", brincou.

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