Importação despenca e balança melhora em fevereiro

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Por ISABEL VERSIANI
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O saldo da balança comercial brasileira voltou a ser superavitário em fevereiro e ficou acima do registrado há um ano, refletindo a queda das importações em velocidade superior à das exportações num cenário de desaquecimento econômico e alta do dólar. O superávit foi de 1,767 bilhão de dólares, acima do saldo positivo de 850 milhões de dólares registrado em fevereiro do ano passado, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira. Em janeiro deste ano, a balança havia registrado o primeiro déficit mensal desde 2001, de 524 milhões de dólares. "Há um efeito cambial visível", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, ao comentar os números. Segundo ele, os dados comerciais do mês passado, principalmente no que diz respeito aos produtos não-básicos, refletem as variações cambiais ocorridas há cerca de quatro a seis meses --prazo médio dos contratos comerciais. As exportações brasileiras somaram 9,588 bilhões de dólares em fevereiro, queda de 20,9 por cento pela média diária, frente às exportações do mesmo período de 2008. As importações somaram 7,821 bilhões de dólares no mês, com queda de 30,9 por cento na mesma comparação. Em janeiro, as exportações haviam caído 22,8 por cento frente a 2008 e as importações, 12,6 por cento. Os dados do governo mostram que a retração do volume exportado pelo Brasil no mês passado na comparação com 2008 resultou de uma combinação de queda de quantidade vendida (de 10,5 por cento) e também dos preços dos produtos em dólar (de 11,7 por cento, em média). No caso das importações, o preço médio em dólares aumentou 21,3 por cento e a quantidade despencou 42,9 por cento. CASTIGO AO PROTECIONISMO Barral disse que não é possível avaliar com precisão o peso do desaquecimento da demanda sobre a retração das importações. Ele ponderou, no entanto, que a importação de maquinaria industrial --um indicador da atividade-- manteve-se estável no mês. Em seu conjunto, contudo, a importação de bens de capital caiu 16,7 por cento em fevereiro frente ao mesmo mês de 2008. No mesmo período, a importação de bens de consumo teve queda de 7,6 por cento, a de combustíveis despencou 54,4 por cento e a de matérias-primas e produtos intermediários caiu 34,4 por cento. As exportações brasileiras para a Argentina, um dos principais parceiros comerciais do país, caíram 46,5 por cento em fevereiro. Para Barral, esse comportamento reflete uma queda da demanda, mas também as barreiras comerciais impostas pelo país vizinho. Segundo o secretário, levatamento do ministério mostra que 10 por cento da pauta de exportações brasileiras à Argentina estão sujeitos a algum tipo de restrição --que varia de medidas anti-dumping à imposição de licenças não-automáticas. Barral afirmou que os dois países estão atualmente em um processo de conversações sobre seus contenciosos, mas que o Brasil poderá levar seus questionamentos à Organização Mundial do Comércio (OMC). "Todo protecionismo será castigado", brincou, sem dar detalhes. As exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 38 por cento. Essas retrações foram parcialmente compensadas por uma elevação de 23,3 por cento nas vendas para a China. No ano, a balança acumula superávit 1,243 bilhões de dólares, inferior ao saldo de 1,772 bilhão de dólares do primeiro bimestre de 2008. Analistas consultados pelo Banco Central esperam superávit de 13 bilhões de dólares este ano.

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