PUBLICIDADE

Índios da Serra do Sol comemoram resultados no STF

Por LOIDE GOMES
Atualização:

No Surumu, o principal foco das recentes tensões na terra indígena Raposa Serra do Sol, os índios comemoraram com dança o resultado obtido hoje na sessão de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O placar de oito votos até agora apenas sinaliza uma decisão à demarcação contínua da reserva indígena. O temor de novos conflitos não se confirmou e o que mais chamou a atenção na reserva foi o clima de tranqüilidade. Já deram voto favorável à demarcação contínua os ministros Carlos Ayres Brito (relator), Menezes Direito, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso e Ellen Gracie. O julgamento não terminou porque o ministro Marco Aurélio Mello pediu vista do processo e pode haver revisão de votos após a apresentação deste parecer. O ministro Celso de Mello já adiantou que só dará o seu voto após conhecer a posição de Marco Aurélio. Na quadra de esportes localizada no centro da vila, os índios acompanharam por telefone cada um dos oito votos proferidos hoje. A cada decisão dos ministros, o resultado era anunciado ao microfone. Quando o placar fechou em oito votos a favor da demarcação contínua, eles fizeram a tradicional dança do parixara e tomaram caxiri na cuia, uma bebida com teor alcoólico feita a partir da mandioca. Em Boa Vista, os índios também dançaram em praça pública para comemorar o resultado, após 30 anos de luta pela posse da terra. Desde o início da manhã, um grupo de cerca de 200 macuxis, wapixanas e yanomami se reuniu na Praça do Centro Cívico, onde fica a sede dos Três Poderes. Pintados de branco, preto e vermelho - cores que representam a paz, a luta e o sangue, respectivamente -, eles assistiram ao julgamento em uma televisão instalada ali mesmo. Enquanto os ministros proferiam seus votos, as mulheres fabricavam peças de artesanato que foram vendidas no local. "Estou muito feliz porque o STF cumpriu o que já está na Constituição. Agora vamos recuperar o tempo perdido em 30 anos de discussão sobre a posse da nossa terra", disse Walter de Oliveira, do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.