Índios do MT iniciam montagem de aldeia para Rio+20

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Por Antonio Pita
Atualização:

A casa dos povos indígenas durante a conferência Rio+20 começou a tomar forma na tarde desta terça-feira pelas mãos de 21 guerreiros da nação Kaiamurá, do Alto Xingu, no Mato Grosso. A aldeia Kari-Oca, sede do encontro de povos nativos de todo o mundo, está sendo erguida no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. No terreno, com cerca de sete mil metros quadrados, os guerreiros trabalham para levantar duas ocas de debates, alojamentos e uma tenda tecnológica, de onde as discussões serão transmitidas via internet para povos indígenas dos Estados Unidos ao Japão.A oca construída pelos guerreiros reproduz o modelo das habitações da aldeia. Ela sediará encontros e debates sobre temas como alimentação, mudanças climáticas, energia limpa, erradicação da pobreza e economia verde. No total, cerca de 1.200 índios circularão pelos espaços, participando de discussões, atividades culturais e esportivas. Durante a conferência, os índios vão preparar um documento que será entregue aos representantes das Nações Unidas, no dia 17 de junho."Estamos aqui para mostrar nossa tradição, nossa cultura, nossa casa. Estamos passando um conhecimento para os jovens, e isso não pode acabar", resumiu o líder dos guerreiros e um dos arquitetos responsáveis pela construção das ocas, Atawalu Hotopyne, de 50 anos. Após três dias de viagem de ônibus, os guerreiros chegaram à cidade no último dia 22, mas os trabalhos de construção das ocas só começaram na segunda-feira. O terreno destinado ao evento não tinha sido liberado para as obras a tempo e ainda passava por serviços de terraplanagem enquanto os guerreiros erguiam a estrutura da aldeia.Pela primeira vez no Rio, o grupo aproveitou o tempo livre para conhecer a praia de Ipanema. Com uma câmera fotográfica na mão, Kotoki Kaiamurá, de 23 anos, registrava os passeios e a construção da Aldeia. "Vou mostrar à minha sociedade o que vimos aqui. Eles sempre quiseram conhecer o Rio e vão ficar felizes ao ver as imagens", contou. Cada guerreiro irá receber cerca de R$ 900 pelo trabalho de construção da aldeia. No total, o orçamento do projeto é de cerca de R$ 1 milhão, mas os recursos ainda não foram liberados pelo governo federal. A expectativa dos organizadores é de que até a próxima semana o dinheiro seja liberado para não comprometer a realização dos trabalhos. "Saímos do zero, mas ainda temos muito o que fazer", afirmou Marcos Terena, um dos responsáveis pela organização.

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