Inflação forçou evolução tecnológica

Para sobreviver, bancos criaram 'movimentação virtual'

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Por Redação
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A liderança tecnológica dos bancos brasileiros sobre seus parceiros internacionais pode ser explicada a partir de uma palavra-chave: inflação. Para não se ir muito longe, vale lembrar que no primeiro trimestre de 1990, a inflação foi de 432%.Naquelas circunstâncias, se os bancos não tivessem implantado os primeiros instrumentos de circulação eletrônica da moeda, capazes, por exemplo, de transferir recursos contabilmente de suas tesourarias, todas as noites, para aproveitar a remuneração oferecida pelo Banco Central com a famosa taxa over night, muitos deles teriam, simplesmente, quebrado."Os bancos aprenderam desde cedo a defender suas posições pelo rápido deslocamento do dinheiro na direção da melhor remuneração", atesta o diretor- geral da Febraban, Wilson Levorato. O modelo, é claro, provocou distorções. Muitas delas, como o chamado saque a descoberto, com promessa de cobertura no dia seguinte, foram corrigidas com a ampla reforma em 2002, do Sistema Brasileiro de Pagamentos, o SBP. No ano anterior, fora criada a Câmara Interbancária de Pagamentos, para proporcionar mais segurança a sacadores e sacados. Este conjunto de normas e procedimentos estabilizou e deu mais liquidez ao sistema financeiro. Esse ambiente mais saudável era o que faltava para os bancos brasileiros usarem seus mecanismos de defesa contra a antiga inflação para o ataque a novas fronteiras."Escaldados, os bancos aprenderam a usar as armas tecnológicas desenvolvidas nos tempos de guerra para avançar nos tempos de paz, isto é, de inflação baixa", compara Levorato. Hoje, em lugar de usarem os instrumentos virtuais para protegerem o dinheiro no over night, podem agilizar compensações, a partir daqueles mesmos princípios de movimentação eletrônica, em sistemas como o DDA.

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