ING vai dividir negócios e vender sua área de seguros

Banco holandês detém 36% do capital da seguradora brasileira Sul América

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Por Leandro Mode
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O grupo financeiro holandês ING vai se dividir em dois, separando as operações bancárias e de seguros, como parte de um acordo de reestruturação com a Comissão Europeia. "Todas as atividades de seguros e de gestão de investimentos serão vendidas", informou o ING, em fato relevante. "Os recursos obtidos com os desinvestimentos das operações de seguros serão usados para reduzir a alavancagem e para pagar o governo holandês", segundo a instituição.O ING detém, por meio do ING Insurance International, participação de 36% do capital da seguradora brasileira Sul América. O ING também informou que vai pagar 50% da ajuda que recebeu do governo holandês e aumentar o capital em 7,5 bilhões (o equivalente a US$ 11,25 bilhões)."Acredito que a cisão dos ativos é um bom movimento, que simplifica o ING", disse o analista Paul Beijsens, da Theodoor Gilissen. A separação dos ativos, que deverá ocorrer até 2013, deixará o balanço do ING cerca de 30% menor do que o tamanho de antes do socorro recebido do governo da Holanda. O ING disse que vai "focar predominantemente na Europa, com opções seletivas de crescimento em outros lugares".O acordo de reestruturação é o mais recente exemplo das intenções da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, para com os bancos que receberam ajuda estatal. Um plano de resgate para o segundo maior banco alemão, o Commerzbank, em maio, estabelecia que a instituição precisaria diminuir seu balanço em 45%.ATIVOS À VENDASegundo o ING, a venda das operações de seguro serão completadas até 2013 por meio de vendas ou ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês). Em teleconferência, o presidente executivo do ING, Jan Hommen, disse que seria interessante fazer um IPO para os negócios globais de seguros.O ING também vai separar algumas operações de hipotecas na Holanda em uma nova companhia, que terá cerca de 6% de participação de mercado no país. A empresa já fez uma série de desinvestimentos neste ano, incluindo os negócios de gestão de fortunas na Suíça, na Austrália, na Nova Zelândia e em algumas localidades da Ásia.O ING espera devolver ao governo holandês 5 bilhões dos 10 bilhões que recebeu em outubro de 2008 em meio à crise global de crédito para recompor seu capital.BRASILO vice-presidente de Relações com Investidores da Sul América, Arthur Farme d"Amoed Neto, disse ao Estado que a informação divulgada ontem é fruto de "uma decisão do ING com a Comissão Europeia". "É um plano de reestruturação (deles)", afirmou. Segundo ele, por enquanto, não há nenhuma consequência para a Sul América. "Qualquer questão que diga respeito à Sul América é mera especulação", afirmou. Por isso, ele não quis comentar a possibilidade de a Sul América comprar a participação do ING. Segundo um analista de mercado, é praxe, nessas ocasiões, que o acionista que vai deixar o negócio ofereça sua participação, em primeiro lugar, aos sócios. A Sul América perdeu recentemente uma concorrência para se tornar parceira preferencial do Banco do Brasil na área de seguros. A instituição controlada pelo governo está reestruturando o segmento. No início do mês, o BB anunciou uma parceira estratégica com a espanhola Mapfre. Por causa do acordo, que prevê exclusividade, o BB acertou com a Sul América a compra da Brasilveículos, empresa na qual eram sócios. Ainda falta resolver o que ocorrerá com a Brasilsaúde, que também é gerida em conjunto pelas duas instituições. O mercado especula que a Sul América deve ficar com essa empresa, mas, em declarações recentes, d"Amoed Neto negou.As ações da Sul América subiram ontem 3,98% na Bolsa de Valores de São Paulo. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAISNÚMEROS36%é a participação que o ING Insurance International detém do capital da seguradora brasileira Sul América7,5 bilhõesé quanto o ING informou que vai aumentar seu capital (o equivalente a US$ 11,25 bilhões)

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