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Irã elogia Brasil, mas mantém ONU como principal interlocutor

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Por Redação
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O Irã considera positivas as tentativas do governo brasileiro de evitar a imposição de sanções ao país, mas mantém a agência nuclear da ONU como principal interlocutor para tratar das questões relativas ao seu programa nuclear, afirmou na sexta-feira o embaixador da República Islâmica no Brasil, Shater Zadeh. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o Irã entre os dias 15 e 17, país acusado por potências ocidentais lideradas pelos Estados Unidos de buscar a fabricação de armas nucleares. O Brasil, que apoia o uso pelo Irã da energia nuclear com fins pacíficos, tenta se consolidar como um dos atores que debatem o tema no cenário internacional. Essas potências ocidentais, entretanto, têm afirmado que o governo de Mahmoud Ahmadinejad pode tentar ganhar tempo na disputa aceitando a mediação do Brasil. "São bem-vindas todas as atividades do presidente Lula, mas, no fim, se eles (ocidentais) impõem alguma punição, para o Irã, não tem problema, porque essa punição é uma política que já perdeu seu efeito", disse o embaixador a jornalistas, lembrando que o país conseguiu avanços tecnológicos nos últimos anos apesar das pressões feitas pelos EUA e outros países ocidentais. "Nós nos comunicamos com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Se eles têm alguma dificuldade, que se comuniquem com a agência." Zadeh reafirmou o interesse do Irã de contar com o apoio do Brasil para a construção de uma ordem mundial multipolar, e destacou que seu país não pretende produzir armas nucleares. "O Irã não tem bomba atômica e nem vai produzir." O embaixador ressaltou que o Irã apresentou duas condições para aceitar entregar urânio em troca de combustível nuclear: que o intercâmbio ocorra de forma simultânea e dentro do Irã. "Demonstramos esse bom senso, agora a bola está do lado dos ocidentais", disse. Ele acrescentou que o Irã quer uma "garantia concreta" de que a troca poderia ocorrer sem problemas, mas deixou em aberto a possibilidade de a segunda exigência ser flexibilizada. "Se a primeira condição for resolvida, a segunda pode ser resolvida", disse, evitando comentar se o Brasil poderia participar no processo como depositário do urânio iraniano. O governo Lula tem negado que assumiria esse papel. Sem dar detalhes, o embaixador revelou que durante a visita de Lula a Teerã deverão ser assinados acordos bilaterais de cooperação nas áreas de avicultura, meio ambiente, veterinária, esportes, sistema judiciário, desenvolvimento industrial, metrologia, turismo, geologia e petroquímica. No setor de energia, disse, haverá memorandos de entendimentos nas áreas de petróleo, gás natural e geração de eletricidade. O embaixador também minimizou as críticas do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, à aproximação dos dois países. "Em campanhas eleitorais, falam muitas coisas. Mas os atos concretos se demonstram depois, quando a pessoa começa a governar", ponderou. "Acreditamos que a política externa brasileira sempre seguiu uma linha independente e acreditamos que assim continuará." (Reportagem de Fernando Exman; Edição de Carmen Munari)

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