Iraque alerta Turquia sobre operação contra curdos

Ministro do Exterior iraquiano teme que operação militar desestabilize a região.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

O ministro do Exterior do Iraque, Hoshyar Zebari, disse neste sábado que qualquer escalada na operação militar turca contra rebeldes curdos no norte do Iraque pode desestabilizar a região. "Até agora, na verdade, a incursão é limitada. Não é uma invasão, é uma incursão militar limitada em uma região remota, isolada e inabitada, mas se ela continuar acho que pode desestabilizar a região, porque realmente um erro pode levar a uma escalada", afirmou o ministro à BBC. O ministro iraquiano também disse que várias pontes foram danificadas nos ataques dos soldados turcos. "O governo turco prometeu a nossos líderes que eles vão evitar atingir a infra-estrutura, mas eu posso confirmar que cinco pontes foram destruídas por soldados turcos", disse Zebari. O governo turco e os rebeldes curdos forneceram informações desencontradas sobre o número de mortos no conflito. O Exército da Turquia informou que a ofensiva deixou cinco soldados e ao menos 44 rebeldes curdos mortos. "Informações preliminares indicam que os terroristas sofreram perdas significativas", disse um comunicado do Exército turco. O porta-voz do grupo separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), Ahmad Danas, afirmou que dois soldados turcos foram mortos e oito ficaram feridos na operação. Nenhuma das duas informações pode ser confirmada por fontes independentes. Operação 'limitada' Segundo o governo turco, as tropas cruzaram a fronteira em uma operação contra rebeldes separatistas curdos do PKK estariam refugiados no Curdistão, uma região autônoma localizada no norte do Iraque. A operação foi precedida de bombardeios aéreos e terrestres. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a ofensiva foi limitada e que as tropas retornarão o mais rápido possível. "O alvo, o propósito, o tamanho e os parâmetros desta operação são limitados", disse Erdogan. "As nossas Forças Armadas voltarão para casa o mais rápido possível, assim que atingirem seus objetivos." O governo americano disse que foi informado da operação desta quinta-feira com antecedência e que pediu à Turquia que limitasse a ação a alvos precisos do PKK. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou preocupação com a operação. "A proteção dos civis nos dois lados da fronteira continua sendo a principal preocupação", disse. Fronteira A Turquia mantém milhares de tropas na fronteira com o Iraque. A operação desta quinta-feira foi a segunda desde outubro de 2007, quando o Parlamento turco aprovou por ampla maioria a autorização de operações militares em território iraquiano para combater os rebeldes do PKK, que estariam lançando ataques contra a Turquia a partir da região. No entanto, segundo a correspondente da BBC em Istambul, Sarah Rainsford, desta vez a operação foi inesperada, porque a área montanhosa da fronteira ainda está coberta de neve e porque não houve ataques recentes do PKK contra a Turquia. As informações do governo turco são de que entre 3 mil e 10 mil soldados turcos tenham participado da ofensiva Mas fontes curdas no norte do Iraque disseram à BBC que o governo turco havia "exagerado" e que na realidade a operação era "muito, muito limitada", em uma área remota na fronteira. O PKK luta pela autonomia curda e tem cerca de 3 mil homens baseados no Iraque. Calcula-se que mais de 30 mil pessoas tenham morrido desde 1984, quando o grupo iniciou a luta armada contra o governo turco. A Turquia, os Estados Unidos e a União Européia consideram o PKK uma organização terrorista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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