Israelenses e palestinos recomeçam negociações no Egito

Hillary Clinton se reúne com líderes de ambos os lados em Sharm-el-Sheik.

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Por Guila Flint
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Em um clima de tensão e pessimismo, os líderes de Israel e dos palestinos se reúnem nesta terça-feira no Egito para a primeira reunião de trabalho após o anúncio da retomada das negociações de paz diretas na região, há duas semanas. Mas antes mesmo do início da reunião, com a presença do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e a mediação da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já eram visíveis as divergências, sem um acordo sobre a pauta da reunião. De acordo com o jornal israelense Yediot Ahronot, a tensão antes da reunião no balneário de Sharm el-Sheikh é tão alta que os organizadores da cúpula - os governos americano e egípcio - resolveram cancelar as entrevistas coletivas à imprensa, "pois temem que Netanyahu e Abbas comecem a discutir em público". Representantes palestinos afirmaram que o presidente Abbas deseja discutir primeiramente a questão das fronteiras do futuro Estado Palestino e exigir a continuação do congelamento da construção de assentamentos israelenses nos territórios ocupados. Já os representantes israelenses disseram que o premiê Netanyahu quer, antes de tudo, discutir questões de segurança e exigir que os palestinos reconheçam Israel como "Estado do povo judeu". Posições 'irreconciliáveis' As posições das partes, mesmo antes do início das negociações, são aparentemente irreconciliáveis. Netanyahu afirmou que não manterá o congelamento dos assentamentos, que deverá terminar no dia 26 deste mês. O principal negociador palestino, Saeb Arikat, declarou que se a construção dos assentamentos continuar "não haverá sobre o que conversar" e afirmou que os palestinos suspenderão as negociações. Os palestinos também se negam a reconhecer Israel como "Estado do povo judeu". De acordo com outro negociador palestino, Nabil Shaat, esse tipo de reconhecimento "contradiz o direito de retorno dos refugiados palestinos" e prejudicaria os árabes-palestinos que são cidadãos de Israel, que seriam "cidadãos de segunda categoria". Pressão Para vários analistas locais, a razão principal da retomada das negociações foi a forte pressão exercida pelo presidente americano, Barack Obama, tanto sobre os israelenses como sobre os palestinos. De acordo com o especialista em politica americana Avi Ben Zvi, "Obama precisa de uma aparência de avanço no processo de paz no Oriente Médio". Segundo Ben Zvi, a principal motivação do presidente americano para pressionar israelenses e palestinos a retomar as negociações tem ligação direta com as próximas eleições para o Congresso, no dia 2 de novembro. "Até o dia 2 de novembro, não deverá haver um rompimento das negociações", disse o analista à rádio estatal de Israel, Kol Israel. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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