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Italianos dizem 'não' a energia nuclear em referendo

Por BARRY MOODY
Atualização:

Os italianos pareciam prontos na segunda-feira a banir a energia nuclear durante décadas em um referendo fortemente influenciado pelo desastre de Fukushima, mas que também foi um sonoro voto político contra o primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Os números oficiais indicavam um resultado superando facilmente o quórum de 50 por cento necessário para validar quatro referendos, incluindo um sobre o banimento à energia nuclear. O referendo anula uma lei aprovada no ano passado que reiniciava o programa nuclear da Itália, que havia sido interrompido em 1987 por outro referendo que se seguiu ao desastre de Chernobyl. Ciente da reação proveniente do acidente de Fukushima, o governo recentemente suspendera o programa nuclear numa tentativa de enfraquecer o referendo. A votação, entretanto, é considerada o fim para qualquer perspectiva da energia atômica neste país num futuro próximo. Ele amplia o impacto global do desastre de Fukushima, ocorrido após um forte terremoto seguido de tsunami em março no Japão. A Alemanha desativou suas sete usinas mais antigas depois do desastre e decidiu no mês passado fechar todos os reatores do país até 2022, numa importante guinada política da chanceler Angela Merkel. As pesquisas mostram que a maioria dos italianos, assim como os alemães, é contrária à energia nuclear, uma emoção alimentada pelo desastre de Fukushima num país propenso a terremotos frequentes. Berlusconi é um forte apoiador da energia nuclear. Seu governo de centro-direita argumentava que a geração de eletricidade a partir da energia atômica era essencial para a segurança energética da Itália, que importa quase toda a sua energia e tem um dos preços mais altos na Europa - em parte por causa da falta de usinas nucleares. Mas o desastre de Fukushima, combinado com um forte esforço da oposição de centro-esquerda para fazer da votação um 'tapa na cara' político no primeiro-ministro, tornou a defesa desses projetos muito difícil.

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