Japão se dispõe a ceder tecnologia de trem-bala ao País

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Por LEONARDO GOY
Atualização:

As empresas japonesas interessadas no projeto do trem-bala que ligará Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas estão dispostas a transferir tecnologia para o Brasil. "Temos boa disposição para transferir tecnologia. Mas qual tecnologia e para quem, depende da indústria brasileira", afirmou Yukinori Horniguchi, responsável pela área de sistema de transportes da Mitsubishi Heavy Industries. Horniguchi integra uma comitiva de empresários japoneses formada também por empresas como Kawasaki, Toshiba e Mitsui, que está desde ontem apresentando um projeto preliminar para o trem-bala brasileiro. Na semana passada, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, havia colocado a troca de tecnologia como uma das exigências do Brasil para escolher o parceiro nesse projeto. Até outubro deste ano, o BNDES deverá concluir os estudos técnicos que definirão, por exemplo, o traçado do trem. A expectativa do governo brasileiro é de licitar o projeto em janeiro do próximo ano. Ontem, os empresários japoneses estiveram em São Paulo e hoje na Embaixada do Japão, em Brasília. Na quinta-feira devem apresentar seu projeto no Rio de Janeiro. O plano preliminar dos japoneses prevê a construção de uma linha total de 500 km ligando as três cidades, numa velocidade máxima de 320 km/h. Os japoneses defendem a sua tecnologia afirmando que têm experiência de mais de 40 anos com trens-bala e que o sistema japonês , conhecido como Shinkansen, nunca teve um acidente fatal. Assim como fizeram ontem em São Paulo, os japoneses argumentaram hoje que, para garantir a viabilidade econômica do projeto brasileiro, é importante que o vencedor da licitação ganhe também a concessão para explorar os arredores das estações, construindo hotéis e shopping centers. O investimento estimado pelo governo brasileiro na construção do trem-bala é de cerca de US$ 10 bilhões. Os empresários japoneses que participaram do evento em Brasília não fizeram uma estimativa de quanto cobrariam de tarifa dos usuários caso vençam a licitação. O diretor-presidente da Mitsubishi Indústrias Pesadas no Brasil, Hiroshi Okuma, disse entretanto que esse preço deverá ficar entre a tarifa do ônibus e a do avião. Para fazer uma comparação, um consórcio de empresas japonesas construiu recentemente uma linha de trem-bala em Taiwan, de 345 km. Nessa linha, a tarifa para ir de ponta a ponta é de US$ 50.

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