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Jobim culpa disputa eleitoral por embargo na Providência

Por DENISE MADUEÑO
Atualização:

A audiência pública do ministro da Defesa, Nelson Jobim, na Câmara dos Deputados, resultou em um debate político sobre a ação do Exército no Morro da Providência, localizado no Rio de Janeiro. Jobim afirmou, no início da reunião conjunta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e da Comissão de Direitos Humanos, que a paralisação das obras na favela foi provocada por disputa eleitoral. Ele considerou um "equívoco" o embargo das obras e cobrou uma posição dos parlamentares. "O que importa mais? O processo eleitoral ou o bem-estar do cidadão? Essa é uma decisão que os senhores terão de tomar", disse. Jobim foi chamado para falar do episódio que resultou na morte de três jovens da Providência, depois de terem sido presos e entregues por militares a traficantes rivais do Morro da Mineira, na zona norte da cidade. Os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ), candidatos à prefeitura do Rio, criticaram a atuação do Exército. Gabeira disse que a Força deveria se negar a fazer obra eleitoral e Alencar afirmou que o Exército não poderia assumir o projeto Cimento Social, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), também candidato à prefeitura. Jobim negou que a presença de tropas no morro tivesse relação com a disputa eleitoral. No entanto, ele admitiu que a obra, a qual o Exército fazia a proteção, seria de interesse de Crivella. "Essa obra foi patrocinada, no início, pelo senador Crivella, mas a obra tem um sentido social." Ele afirmou que o Exército tinha interesse na obra por causa da localização, próxima à sede do Comando Militar do Leste. "A questão eleitoral está contaminando o processo. É falso dizer que o Exército ajudou um candidato", afirmou. Confronto O confronto maior na audiência pública foi com Gabeira. O deputado insistiu na necessidade de o ministro apresentar supostos documentos do serviço secreto do Exército que mostrariam, segundo Gabeira, as dificuldades na atuação da corporação no morro e um possível acordo com o tráfico de drogas. Jobim disse que não respondia matérias publicadas pela imprensa e que os relatórios não chegaram às suas mãos. O ministro da Defesa evitou comentar o relatório apresentado pela comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) que apontaria a existência de uma "relação promíscua" entre as Forças Armadas e o crime organizado no Rio. "Não conheço o relatório", limitou-se a dizer.

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