PUBLICIDADE

Jornalistas estrangeiros questionam legado de Havelange e Teixeira para Rio 2016

Repórteres mencionaram o fato de um dos estádios do Rio levar o nome do ex-dirigente da Fifa.

Por Daniel Gallas
Atualização:

A equipe brasileira que trabalhou nos oito minutos que o país terá na cerimônia de encerramento nas Olimpíadas de Londres 2012 convidou jornalistas brasileiros e estrangeiros para uma entrevista coletiva nesta sexta-feira no centro de imprensa dos Jogos para falar não só da festa de domingo como também dos preparativos do Rio de Janeiro para receber a competição em 2016. No entanto, um assunto foi recorrente na sessão de perguntas com a imprensa: o legado dos dirigentes João Havelange e Ricardo Teixeira ao esporte brasileiro. Além dos diretores e supervisores artísticos Cao Hamburguer, Daniela Thomas, Abel Gomes e Marco Balich, o CEO dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Leonardo Gryner, também participou da entrevista, e teve que responder a perguntas de jornalistas estrangeiros sobre Teixeira e Havelange. Os dois dirigentes - que presidiram a Fifa e a CBF no passado, respectivamente - tiveram seus nomes envolvidos em um escândalo de propina na Fifa. Neste ano, a entidade máxima do futebol confirmou que Havelange e Teixeira receberam cerca de R$ 45 milhões em propinas de uma extinta empresa de marketing esportivo - ambos tiveram de devolver parte do dinheiro em um acordo para encerrar um processo na Justiça suíça. Orgulho Os diretores artísticos começaram sua apresentação exibindo um vídeo em que crianças cariocas mostravam as quatro regiões do Rio de Janeiro onde os Jogos Olímpicos serão realizados: Barra, Deodoro, Copacabana e Maracanã. Na plateia, estavam alguns dos convidados especiais que participarão da cerimônia de encerramento de Londres 2012, como a modelo Alessandra Ambrósio e o rapper BNegão. Quando foi aberta a sessão de perguntas, jornalistas questionaram o papel de Havelange e Teixeira já na segunda intervenção. Um repórter da Associated Press começou perguntando sobre o aprendizado do Rio de Janeiro com os Jogos de Londres 2012, mas em seguida questionou se o fato de atletas com a grandeza de Usain Bolt competirem em 2016 em um estádio que leva o nome de João Havelange não atrapalha o Brasil na sua tarefa de "evitar um passado que vocês estão tentando deixar para trás". Gryner respondeu apenas a primeira parte da pergunta, e não falou sobre Havelange e Teixeira. "Me desculpe, mas você não respondeu a pergunta", disse o jornalista. "Nós temos muito orgulho de todos os nossos esportistas", respondeu Gryner. "Você tem orgulho de Teixeira, Havelange?", questionou o repórter. "Eu acho que Teixeira não era atleta. Eu estava falando de que temos orgulho de todos os nossos esportistas." Estádio Em seguida, um repórter da britânica Sky News perguntou: "Como você pode se sentir confortável com o que aconteceu com o senhor Havelange?" O diretor dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deu uma resposta mais elaborada. "Eu acho que já falei em outra entrevista, quando tive oportunidade de comentar sobre isso. Nós estamos muito orgulhosos do que Havelange fez pelo esporte em todo o mundo e para o esporte no Brasil, em particular. Até onde sei, sobre o que ele fez de errado, ele foi punido na Justiça e pagou por isso." O jornalista perguntou se Gryner ainda se sentia confortável de o Rio de Janeiro ter um estádio com o nome de Havelange. "Eu me sinto muito confortável. Sim, ele é uma grande lenda do nosso esporte." No final da sessão de perguntas, o assunto foi retomado em uma pergunta de um repórter do portal brasileiro UOL. "Não acho que ter um estádio com o nome de João Havelange vai prejudicar a imagem dos Jogos no Rio", disse Gryner. "Outra coisa que é importante é que o Comitê Organizador do Rio de Janeiro não dá nomes a estádios. Nós só usamos os estádios que recebem os nomes dados pelos seus donos. Neste caso particular, o dono do estádio é a cidade. Então não é papel do [comitê] Rio 2016 mudar o nome." Preparo Uma jornalista americana do USA Today também questionou se o Brasil está conseguindo preparar atletas para poder ganhar mais medalhas no Rio de Janeiro, e se o país tem alguma meta de medalhas para 2016. "Não sou presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, mas tenho acompanhado de perto e trabalhado com o COB há muito tempo. É preciso no mínimo de oito anos para preparar um atleta", disse Gryner. "Tudo isso já começou faz um tempo. Desde que ganhamos [o direito de ser sede da Olimpíada], tínhamos sete anos até o começo dos Jogos. É um plano de longo prazo e estamos fazendo o nosso melhor para aumentar o número de atletas em esportes individuais." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.