Jovens contarão ao papa experiências de fé

PUBLICIDADE

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

Quatro jovens que estiveram no limite do desespero e encontraram na fé um caminho para a vida contarão essas experiências, na noite de 27 de julho, diante do papa Francisco, para um público estimado em 1,5 milhão de fiéis. A cada história narrada, voluntários "construirão" uma igreja no palco, que depois será desmontada e terá as partes carregadas no meio da multidão. Esta é uma das cenas da abertura da vigília que será realizada no espaço chamado Campus Fidei (Campo da Fé), em Guaratiba (zona oeste do Rio), na véspera do encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O palco terá, além da igreja cenográfica de 8 metros de altura por 10 de comprimento, uma cruz de 33 metros. Colunas com as palavras "amizade", "amor" e "união" também comporão o cenário. Francisco ficará numa cadeira no fundo do palco, onde chegará depois de cruzar o Campus Fidei de papamóvel, num trajeto iluminado por 5 mil lanternas de papel."A ideia é firmar o compromisso com o tema da Jornada, ''Ide e fazei discípulos entre todas as nações''. Quando você conta para alguém a sua história de encontro espiritual, você está evangelizando. Essas histórias serão intercaladas com a construção de uma igreja. Quero dizer que o jovem vai reconstruir a Igreja. Depois, um grupo enorme de pessoas caminha com todas as partes da igreja pelo Campus Fidei, mostrando que ela será montada em outro lugar", descreve o diretor de teatro e televisão Ulysses Cruz, contratado pela organização da Jornada para montar a abertura da vigília e a via-sacra, que será encenada em 26 de julho, na Praia de Copacabana.Paulista radicado na capital fluminense há 16 anos, quando foi trabalhar na Rede Globo de Televisão depois de longa carreira no teatro, Cruz atua desde fevereiro na criação das duas montagens. "No domingo passado (9), ensaiamos o cortejo da cruz peregrina na via-sacra. Tive ali uma visão da juventude positiva, que acredita. Vieram 200 jovens, com um sorriso no rosto, uma grande paixão. Chorei muitas vezes", afirma o diretor de teatro e televisão, "católico não praticamente" e encantado com a missão que o aproximou de muitos religiosos. "Isso é excepcional, acontece uma vez na vida", diz. Integrante do núcleo do diretor Wolf Maia na Globo e responsável, nos últimos quatro anos, pelo Criança Esperança, Cruz levou parte de profissionais da TV para a criação e montagem da via-sacra e da abertura da vigília, como a figurinista Beth Filipecki e o produtor musical Roger Henri. Convidou a atriz Cássia Kiss, amiga de longa-data, para viver Maria, numa das estações da via-crúcis. "Ela não será uma mãe chorosa, sucumbida. É uma mãe segura, forte diante do sofrimento de Jesus. Eu precisava de uma atriz que não derramasse um rio de lágrimas. Atrás dela, virão 20 mães segurando seus filhos, todas voluntárias", revela o diretor. Outros atores profissionais, como Toni Ramos, Murilo Rosa e Eriberto Leão, também participarão de eventos da Jornada e abriram mão dos cachês. As estações da via-sacra serão encenadas em 13 palcos ao longo de pouco mais de um quilômetro da Praia de Copacabana. Alguns deles reproduzem locais como a Pedra do Arpoador e a escadaria da Lapa. A 14.ª estação será encenada no palco principal, no Leme, onde estará o papa. Em vez de ver as demais estações num telão, como pensado inicialmente, Francisco assistirá no palco a outras encenações da via-crúcis. "Achei que era o maior anticlímax o papa passar pela praia no papamóvel, causar aquela emoção, e depois sentar e ver um telão. A pessoa mais próxima de Deus, o sumo pontífice não pode ficar olhando um telão. Inventei uma outra via-sacra, com uma trupe de 25 atores e voluntários, no palco principal", afirma o diretor. Na próxima semana, Cruz percorrerá várias cidades em busca de peças religiosas que serão usadas na encenação para o papa. "Vou resgatar os triunfos eucarísticos, quando a Igreja colocava na rua suas preciosidades. Vamos mostrar para o papa a arte sacra brasileira do Brasil Colônia até o século 21", promete."O tema da via-sacra é o jovem solidário. Vamos ligar a realidade da juventude ao sofrimento de Jesus. Na vigília, teremos momentos de festa, de reflexão e de oração e o papa falará aos jovens", resume o padre Renato Martins, responsável pelos Atos Centrais da Jornada - além da via-sacra e da vigília, a missa de abertura (sem a presença do papa), a cerimônia de acolhida e a celebração de encerramento. Em Guaratiba, depois da saída do papa, na noite de 27 de julho, o palco será ocupado por jovens de todo o País em recuperação da dependência da drogas, que farão um show com a banda de origem italiana Gen Rosso, agora integrada por músicos de várias partes do mundo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.