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Juiz suspende audiência por causa de bermuda no RS

Por Elder Ogliari
Atualização:

O juiz Paulo André de França Cordovil suspendeu na terça-feira uma audiência trabalhista no fórum de Lagoa Vermelha, no noroeste do Rio Grande do Sul, porque o reclamante Lício Campo estava de bermuda e chinelo de dedo. Como a medida provocou polêmica, o magistrado deu entrevista para explicar sua atitude, que considera pedagógica. "Não se trata de discriminação e nem de posicionamento pessoal meu, mas de preservar a postura num lugar de respeito à instituição Judiciário", justificou hoje. Desempregado, Campo viajou 45 quilômetros, de Sananduva, onde mora, até o fórum de Lagoa Vermelha para participar da audiência de conciliação com a Nova Era Indústria de Mineralização Ltda, empresa para a qual trabalhou durante sete meses. Ao chegar, foi visto de bermudas pelo segurança do prédio, que avisou o juiz. Cordovil recebeu o advogado Gardel Pértile, registrou em ata que o autor da ação não estava com traje compatível com o decoro de ambiente, citando bermuda e chinelo de dedo, e remarcou a audiência para o dia 9 de outubro. Como foi avisado no saguão que não seria admitido na sala de audiências, o trabalhador diz que se sentiu constrangido. Pértile considerou o rigor do juiz exagerado. "Ele poderia ter feito a audiência e advertido o reclamante para que viesse vestido adequadamente na próxima vez", pondera, para revelar que está estudando a possibilidade de mover uma ação por danos morais contra a União. Para evitar novos contratempos, Campo já declarou que vai vestir a calça que tem no armário e conseguir uma camisa nova até o dia da audiência. O juiz admite que as pessoas da região se vestem de um modo simples, mas destaca que trajes esportivos não são adequados ao ambiente do Judiciário. Disse ainda que, por enfrentarem invernos rigorosos, os gaúchos têm calças em seus guarda-roupas. Também destacou que uma portaria de 2002 veda a entrada de pessoas vestindo bermudas, calções, camisetas de educação física e calçando chinelos de dedo no prédio do Tribunal Regional do Trabalho e entende que isso deve ser aplicado também às audiências do primeiro grau. "A Justiça do Tribunal não é mais merecedora de respeito do que a de primeira instância".

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