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Julgamento de Charles Taylor é retomado em Haia

Ex-presidente da Libéria é acusado de trocar armas por diamantes em Serra Leoa.

Por BBC Brasil
Atualização:

Foi retomado nesta segunda-feira em Haia, na Holanda, com seis meses de atraso, o julgamento do ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, acusado de crimes de guerra. Taylor - que é acusado de ter trocado armas por diamantes - não demonstrou nenhuma emoção no tribunal, nesta segunda-feira, quando a primeira testemunha, um especialista em "diamantes de sangue", prestou depoimento. Ele é o primeiro ex-chefe de Estado da África a ser julgado pela corte internacional de crimes de guerra e enfrenta 11 acusações. Ele nega responsabilidade pelas atrocidades cometidas por rebeldes durante a guerra civil no vizinho Serra Leoa e se disse inocente de todas as acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. O julgamento foi iniciado em junho do ano passado, mas foi interrompido depois que Taylor demitiu seu advogado de defesa e boicotou a abertura dos procedimentos. Ele agora conta com uma nova equipe de defesa - um advogado britânico que está sendo pago pela corte, já que Taylor afirma não ter dinheiro para pagar os custos do julgamento. O correspondente da BBC em Haia Mark Doyle afirma que isso vai surpreender muita gente na Libéria, onde se acredita que ele tenha feito uma fortuna vendendo madeira e diamantes. O ex-líder da Libéria se apresentou ao tribunal vestindo um terno escuro e observou impassível enquanto a testemunha Ian Smillie traçou a história da indústria do diamante em Serra Leoa. A promotoria afirma que o desejo de Taylor de ter acesso aos diamantes e outros recursos naturais de Serra Leoa foi uma das principais causas de seu envolvimento na guerra. Vítimas Charles Taylor é acusado de responsabilidade pelas ações dos rebeldes da Frente Unida Revolucionária durante a guerra civil de Serra Leoa entre 1991 a 2001, que incluem mortes, escravidão sexual, uso de crianças soldados e saques. Os rebeldes da FUR também ficaram conhecidos por cortar a facão os braços e pernas de civis. Como este é o primeiro julgamento criminal internacional em que um ex-líder africano é acusado de delitos, o caso é de importância crucial, segundo o correspondente da BBC Mark Doyle. A promotoria vai convocar uma vítima de Serra Leoa e um liberiano que teria pertencido a um círculo próximo a Taylor. As duas testemunhas estão protegidas, por isso seus nomes não foram revelados. Ao todo, a promotoria pretende convocar 144 testemunhas, mas apenas metade delas deve comparecer ao tribunal em pessoa. O principal promotor da corte especial da ONU para Serra Leoa, Stephen Rapp, disse: "Nós devemos isso às vítimas, apresentar testemunhas ao vivo, (para) não retirar completamente o elemento humano do caso". A expectativa é de que o julgamento dure 18 meses. Ele está sendo realizado em Haia por medo de que ele provocasse novos choques se fosse feito em Serra Leoa. Se for condenado, Taylor poderá cumprir pena na Grã-Bretanha, caso sua presença na África Ocidental leve à instabilidade. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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