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Justiça condena banda por incêndio que matou 194 na Argentina

Os seis músicos da banda Callejeros podem pegar penas de até 11 anos de prisão.

Por Marcia Carmo
Atualização:

A Justiça argentina condenou nesta quarta-feira a banda Callejeros pela morte de 194 pessoas em um incêndio na casa noturna República Cromañón, em Buenos Aires, na noite de 30 de dezembro de 2004. O acidente comoveu a Argentina e motivou diversas discussões nos últimos anos, especialmente sobre a segurança nas casas noturnas da capital. O fogo na República Cromañón teria começado depois que fogos de artifício foram estourados dentro do recinto. De acordo com a imprensa argentina, muitos dos mortos tinham menos de 20 anos e alguns dos sobreviventes continuam com sequelas respiratórias devido à fumaça. Os foguetes seriam, segundo pais das vítimas, algo comum nos shows da Callejeros. Os seis músicos foram condenados por incêndio culposo seguido de mortes e poderão cumprir penas de até onze anos de prisão. Apelos O novo veredicto foi anunciado após a apresentação de recursos contra uma decisão anterior, de 2009, na qualos músicos tinham sido absolvidos e o dono da casa noturna, o empresário Omar Chabán, fora condenado a vinte anos de prisão. Na primeira sentença, a Justiça havia condenado Chabán, considerando-o "coautor do delito de incêndio doloso (intenção ou conhecimento sobre o delito)". O empresário, logo após o incêndio, havia sido apontado pelos sobreviventes como o responsável por impedir que as portas fossem abertas para evitar a saída dos que não tinham pago a entrada. No novo veredicto, anunciado nesta quarta-feira, Chabán foi condenado "por delito não intencional", o que abre caminho para que sua pena seja reduzida para onze anos. A leitura da nova decisão foi acompanhada pelos pais das vítimas, que levaram para o tribunal em Buenos Aires cartazes e camisetas com as fotos dos filhos adolescentes. Alguns familiares, contrários à decisão, reagiram aos gritos e batendo no vidro que os separava dos juízes. Condenações Também nesta quarta-feira, a Justiça determinou a condenação de duas ex-funcionárias públicas da prefeitura de Buenos Aires por questões ligadas à falta de segurança na República Cromañón. No total, quinze pessoas foram condenadas pelo acidente, incluindo o empresário da Callejeros e seu ex-assistente. Os juízes Eduardo Riggi, Angela Ledesma e Liliana Cattucci determinaram ainda a liberação da rua em frente à casa noturna, onde os pais montaram uma espécie de santuário com as fotos das vitimas e os tênis que elas usavam naquela noite. "Vamos continuar nesta luta até as ultimas conseqüências. A condenação para os Callejeros foi um avanço, mas a mudança de parecer para Chabán, um retrocesso", disse Monica Rojas, mãe de uma das vítimas. Outra mãe, Nilda Blanco de Benítez, afirmou que eles não iriam permitir o "fim do santuário das vítimas" e que a decisão "não foi o epílogo" para os familiares dos que morreram na tragédia. Segundo juristas locais, a sentença poderia ser avaliada pela Suprema Corte de Justiça caso haja apelação. Antes disso, outro tribunal deverá anunciar a pena exata para cada um dos condenados. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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