Justiça proíbe repasse de verbas públicas ao Comitê Rio

Multa em caso de descumprimento da decisão é de R$ 100 mil por dia

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Por Luciana Nunes Leal e Jamil Chade
Atualização:

A Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu nesta sexta-feira que a União e o município façam qualquer repasse de verba pública para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, "até que seja dada ampla publicidade de todas as receitas e despesas" referentes à preparação da Olimpíada. Caso algum repasse tenha sido feito, o Comitê Rio-2016 está impedido de usar a verba para fazer pagamentos a fornecedores. O comitê também está obrigado a justificar a necessidade de uso de verbas públicas para a organização dos Jogos.

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A juíza de plantão Marcia Maria Nunes de Barros fixou multa diária de R$ 100 mil caso a decisão judicial não seja cumprida.  A Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro, que cobra transparência nos gastos da Olimpíada.

A decisão judicial foi tomada depois que o Comitê Rio-2016 não aceitou abrir suas contas e detalhar os gastos para o Ministério Público Federal. No dia 20 de julho, a procuradoria federal no Rio de Janeiro apresentou o pedido e deu 20 dias para que a Rio-2016 abrisse sua 'caixa preta'. Mas a decisão não foi atendida, sob a justificativa de que, como empresa privada, essa exigência não seria legal. Para a procuradoria, essa abertura das contas é necessária já que, pelo contrato da Rio-2016 com o Comitê Olímpico Internacional (COI), quem arcará com um eventual déficit ao fim dos Jogos ou terá de socorrer o evento é a União e os poderes públicos do Brasil.

A juíza determinou que as informações sobre gastos sejam encaminhadas ao MPF e também ao Tribunal de Contas da União (TCU). Na decisão, Marcia Nunes de Barros diz que, "como bem observado pelos representantes do MPF (...) há fundada dúvida de que tenha sido dada a devida publicidade e transparência aos valores repassados" ao Comitê. A juíza lembra que os recursos, depois de depositados na conta do Comité Rio-2016, "poderão ser gastos sem qualquer controle e dificilmente recuperados por quaisquer dos órgãos públicos, que se encontram em difícil situação financeira, como é de conhecimento geral".