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Leilão A-5 tem baixa demanda e recorde de preço mínimo de eólica

Por ANNA FLÁVIA ROCHAS
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O leilão de energia A-5, que contrata energia para 2017, contratou apenas 303,5 megawatts (MW) médios de energia assegurada de duas usinas hidrelétricas e de dez empreendimentos eólicos, o que foi atribuído à sobrecontratação das distribuidoras de energia e "em parte" pelo crescimento da economia menor que o esperado. "São dois efeitos: uma parte é a economia e uma parte é o fato de termos no portfólio das distribuidoras a Bertin", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, em coletiva de imprensa após o leilão, nesta sexta-feira. Tolmasquim se referiu a cerca de 2 mil MW médios de energia das termelétricas do grupo Bertin que venderam energia em leilões passados, mas que não entraram ou não entrarão em operação, conforme previsto. Assim, as distribuidoras que já compraram a energia dessas usinas terão que contratar nova energia para substituir o que estava contratado e que não será entregue. Mas a retirada das usinas da Bertin do portfólio das distribuidoras ainda não foi resolvida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já que o grupo está protegido por decisão da justiça. Tolmasquim espera que a situação seja resolvida até o início do ano que vem. Apesar da baixa demanda declarada pelas distribuidoras, Tolmasquim avaliou o leilão como "um sucesso", devido aos preços competitivos, à contratação apenas de fontes renováveis e à participação de estatais, empresas privadas e investidores estrangeiros. Segundo ele, a medida provisória sobre a renovação das concessões (MP 579) não afetou o interesse dos investidores. "Esse leilão foi uma demonstração cabal de que o interesse (no setor elétrico) é imenso. Nós tivemos, até o último momento, uma competição de um número enorme de empreendedores", disse. O mercado aguardava o leilão desta sexta-feira para avaliar se as mudanças nas regras do setor elétrico no que diz respeito à renovação das concessões que vencem entre 2015 e 2017 poderiam trazer algum tipo de incerteza aos investidores, que poderiam ser mais cautelosos em investimentos futuros. Tolmasquim disse que as empresas estatais Furnas, Chesf e Eletrosul (todas da Eletrobras) além de Cemig e Copel chegaram a disputar o leilão. A Eletrobras é uma das empresas mais afetadas pela renovação das concessões com perda de receita, e Cemig e Copel estão entre as empresas que não aceitaram a renovação de suas concessões de geração de energia. EÓLICAS O preço-médio da energia eólica contratada ficou a 87,94 reais por megawatts-hora (MWh) - o menor já vendido em um leilão dessa fonte. Anteriormente, o preço mais baixo de energia eólica já vendida em um leilão foi de 96,49 reais por MWh, em 2011. "Esse leilão bate um recorde. Eu devo confessar que eu fiquei surpreso... A níveis internacionais é um preço bastante baixo", disse Tolmasquim ao acrescentar que o cenário era negativo para as eólicas neste momento, já que o BNDES "deixou mais rígidas" as regras para os fabricantes de aerogeradores se adequarem para o financiamento e por causa da desvalorização cambial. Das dez usinas eólicas que venderam energia, sete são da Bioenergy, no Maranhão, uma da Renova Energia (BA), uma da Enerfin (RS) e uma da EGP-Serra Azul (BA). HIDRELÉTRICAS O único novo projeto de grande usina hidrelétrica a vender energia no leilão foi a usina Cachoeira Caldeirão (AP), com 219 MW, arrematada pela Energias do Brasil. O outro projeto que vendeu energia no certame foi o projeto de ampliação de Santo Antonio do Jari (AP), usina que já pertence à Energias do Brasil. As usinas hidrelétricas do rio Parnaíba - as três usinas do Complexo Baixo Parnaíba (PI e MA) e a hidrelétrica Ribeiro Gonçalves (MA) - não tiveram empreendedores interessados em sua concessão, segundo Tolmasquim. "Ao meu ver, acho que temos que esquecer essas usinas", disse Tolmasquim, ao sinalizar que a licitação dessas usinas em novos leilões não deveria ocorrer "por enquanto", devido à falta de interesse de empreendedores em uma usina com altos custos ambientais e sociais. Já a hidrelétrica de Sinop (MT) (400 MW) - a maior do leilão- chegou a ser disputada por três consórcios e duas empresas, mas não vendeu energia na segunda fase do leilão. A usina já será colocada em leilão no início de 2013, segundo Tolmasquim. O leilão comprou energia de 574,3 MW de capacidade instalada de usinas de um total de 14.181 megawatts (MW) de projetos que estavam habilitados. O investimento total estimado para os projetos viabilizados é de 1,1 bilhão de reais.

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