Leilão de linhas de transmissão do Madeira tem deságio de 7,15%

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Por Denise Luna (Broadcast)
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O governo conseguiu vender os sete lotes de linhas de transmissão de energia das usinas do rio Madeira ofertados em leilão nesta quarta-feira, apesar de o deságio médio ter ficado abaixo de leilões similares realizados no passado, em 7,15 por cento. Segundo o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Jerson Kelman, o deságio foi menor porque os preços máximos estipulados pelo governo estão mais próximos da realidade e porque houve menor competição do que em leilões anteriores. "Mesmo assim a competição viabilizou levar para o menor preço possível, o país pode apostar que terá energia", afirmou ele a jornalistas após o leilão. Este foi o maior trecho de linhas de transmissão licitadas no Brasil, composto por duas linhas de 2.375 quilômetros de extensão cada que serão construídos de Rondônia a São Paulo, sendo que metade ficará na floresta Amazônica. Foi também a primeira vez que os investidores puderam optar pela tecnologia a ser usada, vencendo a de corrente contínua, hoje presente no país apenas na interligação da usina hidrelétrica de Itaipu ao Sistema Integrado Nacional. No restante do país predomina a corrente alternada. As estatais tiveram participação de destaque e garantiram o sucesso do leilão, ficando, em parcerias com outras empresas, com cinco dos sete lotes ofertados. A Cymi, de capital espanhol, ficou com os dois lotes menores. "Foi um grande teste para o Brasil e o Brasil passou", disse a jornalistas após o leilão o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim. "Nesse momento que o mundo tem uma restrição e vê as empresas nacionais e estrangeiras fazendo lance, (a disputa do leilão) faz crer que a crise não chegou ao setor elétrico", complementou. LEILÃO O primeiro lote consistia na integração da usina com o Estado de Rondônia --duas estações conversoras, subestação coletora e linha de transmissão da coletora até Porto Velho--, para ampliar o abastecimento da região Norte, e admitia receita máxima de 44,751 milhões de reais. A vitória foi do consórcio Integração Norte Brasil, formado por Eletronorte, Eletrosul, Abengoa Brasil e Andrade Gutierrez, que fez oferta de receita com deságio de 0,0007 por cento, ou 44,600 milhões de reais de receita. O consórcio adquiriu também o lote para construção de duas estações em Rondônia e São Paulo, com deságio de 10 por cento sobre a receita de 144,7 milhões de reais, e um dos dois trechos de 2.375 quilômetros de linha, ligando Porto Velho (RO) a Araraquara (SP), com deságio de 6 por cento, no total de 173,9 milhões de reais. O segundo lote, uma linha de 606 quilômetros entre Mato Grosso e Goiás será construída pela Cymi Holding, que ofereceu deságio de 15 por cento sobre a receita máxima de 41,7 milhões de reais. A Cimy também comprou o quinto lote, formado por uma subestação e duas linhas de transmissão em Araraquara (SP). Um consórcio formado por Cteep, Furnas e Chesf levou o outro trecho de 2.375 quilômetros ligando Porto Velho a Arararaquara, depois de vencer a espanhola Isolux pelo sistema de viva-voz com oferta de 176,2 milhões de reais, deságio de 0,21 por cento. O grupo também venceu a disputa por duas estações em Rondônia e São Paulo, com deságio de 6 por cento e receita máxima de 173,9 milhões de reais. No total, as empresas vencedoras terão uma receita anual de 742,4 milhões de reais, informou a Aneel. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma linha especial para financiar os vencedores, que devem investir cerca de 7,2 bilhões de reais na construção das linhas, valor estimado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética). As linhas vão ligar as usinas Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, ao sistema nacional. As usinas terão capacidade instalada de 6.450 megawatts. A expectativa é de que as obras possam ser concluídas em um prazo de 36 a 50 meses. A participação de companhias estrangeiras foi menor que em leilões anteriores do tipo, pois havia receio sobre a disponibilidade de crédito para empresas privadas. A espanhola Isolux, que já opera 15 linhas no Brasil, participou do leilão mas apenas apresentou lances no valor máximo de tarifas permitido, não conseguindo arrematar nenhum bloco. O diretor da empresa, Francisco Corrales, afirmou que a companhia não tinha condições de oferecer deságios. "Para nós tinha um risco nesse momento, o jeito que estão os mercados financeiros. Não era aceitável (dar lances maiores)", disse.

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