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Líderes da região celebram resgate de Betancourt

A ação foi tema de discursos de presidentes da Bolívia, Argentina, Chile e Peru.

Por Marcia Carmo
Atualização:

Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Chile, Michelle Bachelet, do Peru, Alan García, e da Argentina, Cristina Kirchner, comentaram a libertação da ex-candidata presidencial da Colômbia, Ingrid Betancourt, na quarta-feira, e destacaram o "direito à liberdade". Até o fim da noite, o líder venezuelano Hugo Chávez não tinha realizado declarações sobre o resgate de Betancourt e outros 14 reféns. Em Caracas, o governo divulgou apenas uma nota, mas sem comentários sobre o resgate. "Nosso governo reitera o pedido feito publicamente para que as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) liberem os reféns que ainda mantém em seu poder", dizia o texto. Segundo a TV estatal VTV, Chávez teria ligado para o colega Álvaro Uribe para "felicitá-lo" pela libertação dos seqüestrados. Argentina A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, fez um discurso sobre a libertação em Chivilcoy, na província de Buenos Aires. "É uma vitória da vida e da liberdade, talvez os dois principais valores existentes", afirmou Cristina. Logo depois de eleita, em dezembro passado, a presidente argentina citou a importância da libertação de Betancourt como uma "questão de direitos humanos". Recentemente, ela recebeu, em seu gabinete, na Casa Rosada, sede da Presidência argentina, a mãe da política colombiana, Yolanda Pulecio, e o atual marido de Betancourt, Juan Carlos Lecompte. Durante os mais de seis anos de cativeiro da filha, Pulecio realizou um périplo por diferentes países pedindo apoio pela liberdade de Betancourt e foi uma das primeiras a recebê-la, nesta quarta-feira, no pé da escada do avião militar colombiano. Chile e Bolívia A presidente do Chile, Michele Bachelet, que também foi refém, depois de ser seqüestrada e presa durante o regime de Augusto Pinochet (1973-1989) pediu o resgate do restante dos detidos pelo grupo guerrilheiro. "A liberdade dela era esperada por todos. O seqüestro é uma violação dos direitos humanos e internacionais. Aproveito para fazer um apelo pelos demais reféns que continuam lá (sob o poder do grupo rebelde)". Na Bolívia, o presidente Evo Morales disse, durante entrevista coletiva, que o fim do cativeiro de Betancourt e outros 14 reféns é um fato "importante na busca da paz e acordos entre as Farc e o governo colombiano". "Não estamos em tempos de lutas armadas, mas sim de lutas democráticas que liberem os povos", disse o líder boliviano. Morales afirmou que também merecia ser ressaltado o "esforço" feito pelo colega venezuelano Hugo Chávez pela liberação dos reféns. "É preciso recordar as conversas iniciadas pelo companheiro Hugo Chávez", disse. No fim do ano passado, foi realizada uma operação de resgate, coordenada por Chávez e que contou com a participação do ex-presidente argentino Néstor Kirchner e do assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia. No entanto, apenas no início deste ano foi concretizada a operação que resultou na libertação de alguns reféns, entre eles Clara Rojas, seqüestrada junto com Betancourt, em fevereiro de 2002. Peru e Equador Na quarta-feira, o presidente Alan García, disse que a operação realizada pelo Exército colombiano que levou à libertação de Betancourt faz parte da "constância democrática" da Colômbia. "Quero parabenizar meu colega Álvaro Uribe e dizer que não existe negociação diante da violência, mas sim a ação democrática do Estado", afirmou. García recordou que seu país viveu, durante duas décadas, a ação "terrorista" e ressaltou que "jamais" deve permitir-se que a "violência" retorne. García se referia aos grupos de rebeldes como o Sendero Luminoso, que junto com a hiperinflação, marcaram a instabilidade do fim de seu primeiro governo, na década de 80. No Equador, o ministro da Defesa, Javier Ponce, disse que a notícia do dia na Colômbia era a que "o mundo inteiro esperava". "Só me da pena que (a libertação) não tenha ocorrido dentro de um processo de paz, mas sim com um resgate (militar)", afirmou Ponce. Recentemente, os governos dos presidentes do Equador, Rafael Correa, da Venezuela, e da Colômbia viveram fortes diferenças em torno do papel e das ações das Farc - grupo criado há 44 anos. A polêmica aumentou depois que a imprensa colombiana divulgou conteúdos atribuídos aos computadores de Raul Reyes, definido como "chanceler" dos rebeldes, morto numa ação da inteligência colombiana. Também nesta quarta-feira, o secretário geral da OEA (Organização de Estados Americanos), o chileno José Miguel Insulza, comentou a libertação de Ingrid Betancourt, três americanos e onze militares e policiais colombianos. "Festejamos a libertação dos reféns, por eles, por seus familiares e por toda a sociedade colombiana", disse Insulza. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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