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Lula: Brasil está determinado a obter acordo ambicioso

Por Anne Warth
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil está determinado a obter resultados ambiciosos na 15ª Conferência do Clima (COP-15) da Organização das Nações Unidas (ONU), em Copenhague. "O Brasil participa desta conferência com a determinação de obter resultados ambiciosos, mas essa ambição tem que ser compartilhada com todos", afirmou o brasileiro, durante seu discurso na cúpula.Lula citou que o Brasil já assumiu a meta de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020 entre 36,1% e 38,9% na comparação com 2005 por meio de um conjunto de ações contra o desmatamento, na agricultura, energia e siderurgia. "Essa não é proposta para barganhar, é um compromisso que assumimos com a nação brasileira e com o mundo", disse. "Esse esforço nos custará US$ 160 bilhões, ou seja, US$ 16 bilhões por ano até 2020."Lula citou que o País possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. "Oitenta e cinco por cento de nossa energia elétrica é de origem hídrica, 47% do total de nossa energia é renovável. Somos pioneiros na produção e uso generalizado de biocombustíveis", afirmou. "A Amazônia é um grande patrimônio dos povos que a habitam, daí nosso compromisso de reduzir o desmatamento em 80% até 2020."O presidente ressaltou que outros países em desenvolvimento também apresentaram propostas expressivas para reduzir emissões, mas ponderou que essa ambição só poderá se concretizar "se os fluxos internacionais de apoio tecnológico e financeiro deixarem de ser como são hoje tímida promessa, ou talvez apenas uma miragem".Países desenvolvidosLula fez um discurso em defesa de responsabilidades diferenciadas entre países industrializados e nações em desenvolvimento. "O combate à mudança do clima não pode fundamentar-se na perpetuação da pobreza. A mitigação é essencial, mas a adaptação é um desafio prioritário para todos os países em desenvolvimento, sobretudo para pequenas ilhas e países sujeitos à desertificação, especialmente na África", disse. "É inaceitável que os países menos responsáveis pelas mudanças do clima sejam suas primeiras e principais vítimas."O presidente ressaltou que a COP-15 já estabeleceu a obrigação dos países desenvolvidos de oferecer apoio financeiro e tecnológico para os países em desenvolvimento e defendeu a necessidade de injeção de recursos públicos para este fim. "Será muito difícil aprofundar as iniciativas de mitigação ou reforçar a capacidade de adaptação, sobretudo dos países pobres e vulneráveis, sem que os fluxos financeiros tenham forte componente de financiamento público", afirmou. "Mecanismos de mercado podem ser muito úteis, mas nunca terão a magnitude ou a previsibilidade necessárias para a transformação do que realmente queremos."Esforço coletivoLula disse ainda que os objetivos da conferência deve ir além de interesses corporativos e setoriais. "As fragilidades não podem servir de pretexto para recuos e vacilações de outros. Não é politicamente racional nem moralmente justificável colocar interesses corporativos e setoriais acima do bem comum da humanidade. A hora de agir é esta", disse. "O controle do aquecimento global depende de esforço coletivo. Os efeitos da mudança do clima já se fazem sentir, sobretudo entre os mais pobres."

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