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Lula critica bancos e montadoras por dificultarem financiamentos

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Por Redação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira o comportamento de bancos e montadoras que aumentaram as exigências para crédito e financiamentos em meio à crise financeira global. Segundo Lula, apesar de o governo ter liberado cerca de 100 bilhões de reais em compulsórios bancários, os bancos privados aumentaram as restrições para a concessão de crédito e as montadoras elevaram as condições de financiamento para a compra de automóveis. "No sistema financeiro, o dinheiro ficou mais caro. Os bancos escolhem agora clientes seis, sete, oito estrelas...Vou conversar isso com o (ministro da Fazenda, Guido) Mantega e com o (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles", disse Lula em discurso após lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual. Lula lembrou que o governo também liberou recursos para os bancos das montadoras com o objetivo de evitar a redução nas vendas. "Elas aumentaram a entrada de 20 para 30 por cento e reduziram as parcelas de financiamento de 76 para 22. Em vez de facilitar, dificultaram", criticou Lula. O presidente afirmou que a crise financeira criou um clima de incerteza e pessimismo, mas defendeu que as pessoas não entrem em desespero. Lula voltou a estimular os consumidores a não desistirem de comprar, alegando que um freio no consumo agravaria a crise. "Quanto mais crise, você precisa de mais investimento. O compromisso é não deixar de investir nem um centavo, porque com investimento você faz a roda da economia girar." Lula considerou o Brasil como o país do G20 mais preparado para enfrentar a crise, e disse que vê a instabilidade internacional como oportunidade para que o Brasil se fortaleça no cenário internacional. O presidente insistiu na adoção de regras mais claras e rígidas para o mercado financeiro internacional. "O mercado teve uma dor de barriga...Foi uma diarréia insuportável", disse ele ao ironizar a falta de controle das instituições financeiras. Lula também comparou o mercado a um adolescente que se sente autônomo em relação aos pais, mas que na hora do aperto volta para casa. Em tom descontraído, o presidente ironizou o volume das perdas acumuladas desde o início da crise, estimadas em mais de 1 trilhão de dólares. "Onde será que está todo esse dinheiro? Será que é nas Ilhas Cayman? Se fosse tudo para lá a ilha já tinha afundado", disse ele, referindo-se ao paraíso fiscal do Caribe. Lula se comparou a Dom Quixote por seu comportamento em meio à crise. "Às vezes me sinto meio Dom Quixote por pregar o otimismo para fazer a economia girar." (Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)

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