29 de julho de 2011 | 16h44
Em março, o conselho aprovou uma resolução que autorizou uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e "todas as medidas necessárias" para proteger os civis contra as forças de Gaddafi. Semanas depois, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumiu as operações militares que estavam a cargo de uma coalizão ocidental.
"Se se quer uma governança global mais séria e responsável é preciso se repensar o Conselho de Segurança... um Conselho sério não faria o que foi feito na Líbia. Sentaria numa mesa de negociação. O mundo exige uma mudança", disse ele em palestra para militares na Escola Superior de Guerra.
Cerca de 30 países já reconheceram diplomaticamente a oposição como governo legítimo da Líbia, o que abre caminho para o desbloqueio de bens antes congelados, que poderão ser usados pelos rebeldes.
"Não podemos concordar com o que foi feito na Líbia. Se tivéssemos uma instituição de segurança forte (a invasão não teria acontecido", reforçou o ex-presidente.
Lula defendeu ao longo de seu mandato (2003-2010) uma presença mais expressiva de países emergentes e em desenvolvimento em vários organismos multilaterais, entre eles o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Ele classificou o órgão como antiquado e arcaico por ser formado apenas por representantes de nações ricas e defendeu que a entidade "precisa ter mais países para representar dignamente a vida contemporânea".
"Acho que o Conselho não representa hoje a geopolítica mundial. É uma realidade de 1948. Ele precisa representar uma realidade de 2011 e olhar como está África, América Latina, Ásia", destacou Lula ao afirmar que a presidente Dilma Rousseff precisa continuar a "briga" por um assento no órgão da ONU.
Com piadas, metáforas e analogias, Lula arrancou aplausos e gargalhadas durante a palestra de quase 2 horas para cerca de cem militares. Ele falou de sobre diversos temas, de reforma tributária a bagres do Rio Madeira.
"Tivemos hoje uma stand up comedy de duas horas", disse um militar de alta patente numa roda de conversa.
Lula lembrou de feitos e realizações do seu governo e destacou que muitos projetos superaram tudo o que foi feito pelos presidentes que o precederam.
O ex-presidente não se privou de criticar presidentes militares, entre eles, o general Ernesto Geisel, que, segundo Lula, foi o grande responsável pelo vertiginoso aumento da dívida pública brasileira no anos 1970.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)
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