Lula lamenta EUA não terem mudado olhar sobre América Latina

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Por JEFERSON RIBEIRO
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta segunda-feira que a postura dos Estados Unidos, sob a liderança de Barack Obama, em relação à América Latina não tenha mudado. "Me parece que os Estados Unidos não tem uma visão mais otimista para a América Latina e a América do Sul. Sempre houve uma relação de império com os países pobres", disse Lula, durante confraternização de final de ano com jornalistas. Lula lembrou que conversou com Obama para que houvesse uma mudança nesse tratamento, mas que isso nunca aconteceu. Ele argumentou que os Estados Unidos deveriam reformular sua posição até pela quantidade de latino-americanos que vivem naquele país --35 milhões, segundo números citados pelo presidente. "A verdade é que não mudou nada a visão deles para a América Latina", lamentou o presidente. Para Lula, essa situação é decorrente, pelo menos em parte, do que ele chamou de terceirização. "O problema é que os Estados Unidos, como um país muito grande, eles costumam terceirizar a política externa. É subsecraterio disso, é sub daquilo. Eu espero que ele (Obama) venha ao Brasil nesse ano, nesse ano que eu falo é em 2011." IRÃ Ele voltou a dizer que o acordo costurado por Brasil e Turquia para que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, participasse de uma rodada internacional de negociações para discutir o seu programa de enriquecimento de urânio não foi adiante porque os membros do Conselho de Segurança da ONU não admitiam que um país "de Terceiro Mundo" conseguisse aquilo que eles não conseguiram. "Vocês vão perceber que o Brasil estava certo quando foi ao Irã, que o Brasil estava certo quando conseguiu que o Ahmadinejad assinasse aquela proposta de participar do encontro de Viena", disse Lula. "De repente um país de Terceiro Mundo, que eles sempre consideraram, consegue fazer aquilo que eles não conseguem fazer. Isso deve ter causado uma certa inveja, uma certa ciumeira", criticou. ONU Lula aproveitou para mais uma vez pedir a mudança no Conselho de Segurança da ONU e a participação do Brasil nele. "O Brasil defende a mudança no Conselho de Segurança por uma razão simples, porque o Brasil não quer ser subserviente, o Brasil quer ter soberania", argumentou. "Os nossos críticos são aqueles que acham que a gente ao levantar de manhã tem que pedir licença aos Estados Unidos para espirrar, tem que pedir licença para a União Europeia para tossir. Esses são nossos criticos." O presidente também rejeitou a possibilidade de assumir a secretaria-geral da Organização das Nações Unidas, como sugeriu seu colega boliviano, Evo Morales, na última reunião de cúpula do Mercosul. "Tenho uma tese... tenho cuidado de dizer que temos que ter alguns burocratas muito competentes para dirigir foros multilaterais e diminuir o uso da política, porque se um presidente do Brasil aceita ser secretário-geral da ONU porque amanhã não pode ser o presidente do Estados Unidos? É aí fica muito difícil", disse. "Então, é melhor que a gente coloque sempre um bom técnico. A política quem tem que fazer são os presidentes, afinal de contas o secretário da ONU, o secretário da Unasul (União das Nações Sul-americanas) são, nada mais, nada menos, do que funcionários dos presidentes eleitos", disse ao negar que tenha interesse no cargo.

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