Lula: normas européias sobre migração preocupam Brasil

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Por João Domingos
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Em seu discurso na reunião da Cúpula dos Países Ibero-Americanos, que acontece em San Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a atenção de todas as autoridades dos 22 países para a questão das migrações. Lula disse que o Brasil está preocupado com as novas diretrizes da União Européia (UE) que permitem expulsar migrantes. Lembrou que o Brasil recebeu de braços abertos milhões de europeus que chegaram ao País e que hoje estão plenamente integrados e que não se pode fazer apologia da livre circulação de bens e capitais e, ao mesmo tempo, proibir a livre circulação de pessoas. Lula abriu o discurso falando dos jovens, tema da reunião. Afirmou que o Brasil tem 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos e que o Estado tem papel essencial na busca do desenvolvimento e bem-estar dessa faixa de população, sobretudo por causa das enormes dívidas sociais existentes. Lula reconheceu que o fato de muitos jovens não terem família é um lado dramático da existência deles. "Outros tantos ingressaram no século 21 sem emprego e sem perspectivas. Com inquietante freqüência, a sociedade passou a vê-los apenas no noticiário policial." O presidente brasileiro aproveitou para fazer propaganda dos programas de seu governo. Disse que o Brasil trabalha para recuperar a confiança dos jovens no futuro. "(Os programas) permitem complementar a escolaridade e melhorar a qualificação profissional. É o caso do Pró-Jovem, para capacitar e empregar jovens em situação de risco. Deverá atingir mais de quatro milhões de jovens e adolescentes até 2010 no campo e nas cidades." Em seguida, ele apresentou à reunião o Projeto Segundo Tempo, que busca dar maior acesso dos jovens ao esporte. Para Lula, essa é, "talvez, a mais universal das iniciativas de diálogo e comunicação". "Seu enfoque principal é o esporte educacional. Promove integração social e o pleno desenvolvimento da cidadania dos jovens", afirmou. Solução "É preciso que o Estado atue fortemente para ajudar a tirar os jovens da situação em que foram deixados, próximos do crime e do narcotráfico. Não vamos permitir que a crise financeira, que transformou os bancos num cassino, venha a atrapalhar a juventude. Não vamos parar nenhuma obra do governo, não vamos diminuir nada, como querem os conservadores. É preciso redefinir o papel do Estado, porque conheço bancos que durante décadas deram palpites na economia e (agora) não conseguiram resolver seus próprios problemas." Lula disse que, por isso, não vai parar obra nenhuma, porque quer é encontrar solução para os jovens.

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